Grupo é investigado por venda de carne de cavalo a hamburguerias
Seis pessoas foram presas preventivamente hoje em uma operação contra um grupo suspeito de vender clandestinamente carne de cavalo como se fosse de gado para hamburguerias em Caxias do Sul (RS). Cerca de 60% das hamburguerias da cidade tinham o abatedouro ilegal como fornecedor.
Além das prisões, o Ministério Público e agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) cumpriram mais 15 mandados de busca e apreensão referentes a oito alvos na cidade.
O grupo investigado é responsável por abastecer estabelecimentos da cidade com grandes quantidades de carne (em forma de hambúrgueres e bifes) provenientes do abate clandestino de equinos, suspeita que foi confirmada por meio da realização de perícias nas hamburguerias Miros Burguer e Natural Burguer, em cujos lanches foi encontrada presença de DNA de cavalo. Também eram misturadas carnes de peru e suíno.
"Eram distribuídos em torno de 800 kg semanais", conta o coordenador do Gaeco e promotor de Justiça Alcindo Luz Bastos da Silva Filho.
As investigações começaram após relatos enviados ao Ministério Público (MPRS) pela Inspetoria de Defesa Agropecuária de Caxias do Sul. Segundo o MP, o grupo não possui autorização para o abate e comercialização de nenhum tipo de carne. Assim, as atividades de abate, beneficiamento, armazenamento e comercialização vinham ocorrendo sem qualquer fiscalização, o que é essencial para prevenir que carnes sem inspeção de fiscais médicos veterinários sejam consumidas pelas pessoas.
Não foi informado se as hamburguerias tinham conhecimento do tipo de carne usado. Além de misturar carne de cavalo, os responsáveis pelo abatedouro também alimentavam porcos com restos de restaurantes.
O MP também afirmou que o local de processamento dos produtos também estava em péssimas condições de higiene. O esquema era coordenado por quatro pessoas. Três homens lidavam diretamente com o abate e processamento enquanto uma mulher, parente dos outros três, exercia a função de telefonista, tendo conhecimento das práticas ilegais e auxiliando no esquema.
Um outro homem ligado a família, era responsável por recolher os restos de alimentos em estabelecimentos da cidade para serem usados como ração de porcos. A comercialização era de responsabilidade de um sexto homem, enquanto outros dois faziam os hambúrgueres.
As escutas apontam também a utilização de carne estragada, lavada para tirar o odor e misturada a outras na confecção dos hambúrgueres. Há indícios, ainda, de que alguns dos animais abatidos pelo grupo seriam subtraídos de carroceiros, sendo que os próprios carroceiros estariam furtando os cavalos uns dos outros para fornecer ao abate para o grupo criminoso.
*Com informações da Agência Estado
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