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Filho réu diz que Flordelis citou primeira-dama ao pedir ajuda

Ruben Berta

Do UOL, no Rio

23/11/2021 22h43Atualizada em 24/11/2021 10h53

Em depoimento na noite de ontem (23), no Tribunal do Júri de Niterói (RJ), Lucas Cézar dos Santos de Souza, filho de Flordelis acusado de comprar a arma usada na morte do pastor Anderson do Carmo, afirmou que a ex-deputada teria citado a "primeira-dama e um ministro" numa carta em que pedia para que ele assumisse a autoria do crime.

"Ela disse que iria me dar toda a assistência, que tinha o apoio da primeira-dama e de um ministro", disse Lucas, que relatou estava num baile quando o pastor foi morto. Contudo, a carta, que teria sido entregue a ele dentro do presídio, nunca apareceu.

Em depoimento em abril deste ano na Comissão de Ética da Câmara, Flordelis negou que fosse amiga da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Na manhã de hoje (24), o UOL procurou a Secretaria de Comunicação e aguarda retorno. Lucas não especificou quem seria o "ministro" supostamente citado pela ex-deputada.

O filho da ex-parlamentar é um dos dois réus que compareceram ao tribunal em Niterói —o julgamento de Lucas e do irmão dele, Flávio dos Santos Rodrigues, acusado de efetuar os disparos que mataram o pastor, durou 15 horas e terminou na madrugada desta quarta-feira (24).

Flávio foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento falso e associação criminosa. Já Lucas foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por homicídio.

Lucas chegou a incriminar outras duas pessoas —Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, e Luan dos Santos— numa carta que teria sido redigida a pedido de Flordelis, segundo as investigações. Ele já havia admitido em depoimento, em dezembro do ano passado, que o conteúdo era falso.

Acusado de atirar permanece calado

Flávio decidiu permanecer calado no julgamento. Havia uma grande expectativa em relação ao depoimento dele. Durante as investigações da polícia, ele chegou a confessar que atirou no padrasto. No ano passado, porém, mudou sua versão e negou envolvimento no crime.

O jovem voltou atrás na confissão enquanto era representado por Anderson Rollemberg, contratado por Flordelis. Atualmente, ele é representado pela Defensoria Pública.

Lucas Cézar confirmou ontem que, um mês antes do crime, num encontro numa padaria, o irmão Flávio teria dito que "acabaria com o sofrimento" de Flordelis, ao se referir a problemas dela com Anderson do Carmo. Esses problemas, segundo ele, envolviam os recursos da família.

Durante o dia e até as 23h de ontem, oito testemunhas foram ouvidas. O júri —composto por sete pessoas— foi sorteado entre uma lista de 25 convocados. A ex-deputada e outros oito réus estão sendo julgados em outro processo, já que houve um desmembramento.