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'Puxaram nossos pés', diz vítima de desabamento de calçada em Joinville

Cratera deixou 33 pessoas feridas em SC - Arquivo pessoal
Cratera deixou 33 pessoas feridas em SC Imagem: Arquivo pessoal

Giorgio Guedin

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

23/11/2021 18h54Atualizada em 23/11/2021 18h58

"Puxaram nossos pés, literalmente". É assim que o professor Christian Lima descreve, brincando, o susto tomado na noite de ontem. Ele e a esposa foram duas das 33 pessoas que ficaram feridas após uma calçada ceder durante o evento da abertura de Natal promovido pela prefeitura de Joinville. Todos os feridos, incluindo 12 crianças, já receberam alta.

O casal estava com os dois filhos, de 15 e 18 anos, e chegaram poucos minutos antes do desmoronamento. "Na hora, eu estava gravando um vídeo para mandar para minha mãe, que mora em São Paulo, e, quando percebemos, estávamos lá embaixo. Não teve estalo, não teve rachadura no chão. Estávamos todos assistindo parados", relatou o professor ao UOL.

Ele teve escoriações nos braços e nas pernas, já que "caiu em pé". Já a esposa dele bateu a cabeça, teve uma luxação no tornozelo esquerdo e ainda bebeu muita água, pois ficou deitada após a queda da estrutura. Os filhos não foram 'engolidos' pelo buraco formado.

Após a queda, Christian socorreu a esposa, a tranquilizou e, na sequência, começou a ajudar no socorro às crianças. Ele estima que resgatou seis menores durante a confusão. No hospital, o casal recebeu atendimento e foi liberado ainda na noite de ontem. Por precaução, eles tomaram antibiótico, pois entraram em contato com a água.

O casal mora há três anos em Joinville. A esposa e um dos filhos ainda estão abalados. Já Christian afirma que, apesar do susto, está tranquilo. A única perda foi o celular, que ficou completamente molhado após a queda. "Ainda não sei se a minha mãe conseguiu receber o vídeo que mandei", lembrou.

"As pessoas estavam caindo para trás"

Quem teve mais sorte foi a maquiadora Alessandra da Rosa. Ela estava com o filho de 4 anos e o noivo e chegaram a ficar um pouco no espaço que, minutos depois, cedeu. "A gente decidiu voltar, pois tinha uns coqueiros que atrapalhavam a visão. Demos uns passos para trás, pois tinha muita gente ali com criança", recorda.

Ela afirma que estava a 5 metros de distância quando a estrutura desmoronou. "No começo, a gente ficou sem entender o que estava acontecendo. Parecia uma briga, um efeito dominó. As pessoas estavam caindo para trás. Aí subiu um 'poeirão'. As pessoas estavam gritando, crianças chorando. Fico arrepiada só de falar, pois éramos para estar ali e decidimos voltar. Foi uma sensação horrível", comentou.

A assistente Gabriele Fagundes estava assistindo ao espetáculo, que tinha iniciado há poucos minutos, no quarto andar da empresa onde ela trabalha, ao lado da prefeitura. "Eu tinha achado, primeiro, que uma criança tinha caído na água. Eu comecei a berrar e chamar os bombeiros, que estavam no evento", recordou.

Prefeitura pode decretar estado de emergência

Ao todo, 33 pessoas ficaram feridas no incidente, entre elas 12 crianças. Todos receberam alta até o fim da madrugada de hoje. Segundo a prefeitura, o local do acidente foi o ponto de intersecção entre as galerias antigas do rio Mathias e as obras de implantação das comportas, que fazem parte do projeto de macrodrenagem local.

Durante o dia de hoje, a prefeitura de Joinville realizou uma reunião com os secretários. Entre as ações, não está descartado um decreto de estado de emergência, para realizar uma análise nas obras. "Estamos estudando qual documento vamos conduzir para poder dar celeridade no processo de vistoria das galerias e obras", informou a assessoria da prefeitura.

A Polícia Civil e o Instituto Geral de Perícias (IGP) estão investigando as causas do desmoronamento. A avenida Dr. Albano Schulz, no sentido Sul-Norte permanece interditada, sem previsão de reabertura.

A prefeitura informou também que profissionais da Secretaria de Saúde vão entrar em contato com todas as famílias oferecendo apoio médico e psicológico.

Críticas nas redes sociais

O prefeito - e também bombeiro - Adriano Silva (Novo) foi criticado nas redes sociais por continuar a apresentação, enquanto as equipes de resgate ainda atuavam no local. Segundo ele, o espetáculo continuou porque não houve feridos graves.

"O espetáculo foi retomado somente, depois que todas as pessoas foram atendidas, estavam em segurança e com a constatação de nenhum caso grave", escreveu nas redes sociais.