Kiss: Condenação dará conforto e será exemplo para irresponsáveis, diz pai
Em entrevista ao UOL News, Paulo Carvalho, pai de uma vítima que estava na Boate Kiss na noite do incêndio, falou sobre o julgamento dos quatro réus que respondem pela tragédia que deixou 242 mortos e 636 feridos. O júri dos réus vai começar nesta quarta-feira (1º), em Porto Alegre. Segundo ele, a condenação dará conforto e será exemplo para os irresponsáveis.
"Para os familiares, é um misto de alívio que chegou ao final, ou começo, porque depois de nove anos teremos um julgamento, e apreensão. Depois que esse processo for realizado e, de acordo com a lei, eles forem condenados, dará um exemplo para que outros irresponsáveis, que não se preocupam com a vida alheia, tenham receio. Isso faz com que o exemplo seja seguido positivamente", disse Carvalho, que faz parte da Associação de Vítimas da Tragédia de Santa Maria.
Durante a madrugada do dia 26 de janeiro de 2013, na apresentação de uma das bandas contratadas para a festa, Gurizada Fandangueira, o vocalista utilizou um sinalizador, embora estivessem em um local fechado. O artefato pirotécnico soltou faíscas que atingiram o teto da boate, e isso ateou fogo ao isolamento acústico, feito de espuma. As chamas se espalharam rapidamente por toda a boate, pois o extintor que estava perto do palco não teria funcionado.
Depois, com o andamento das investigações, foram detectadas uma série de irregularidades no funcionamento da boate.
"Tudo o que foi apurado nesses quase nove anos e, principalmente, nos inquéritos que foram feitos logo depois da tragédia apontam claramente que houve dolo eventual, quando se assume o risco de matar. Superlotação, retirada dos extintores de incêndio do local, fechamento dos dutos de exaustão de ar, que fez com que a fumaça aumentasse muito mais e mais jovens morressem, as barras que foram colocadas irregularmente em frente da porta de saída, que, segundo a perícia, uma boa parte dos jovens que tentaram sair foram espremidos pelas barras. Isso a população precisa saber", avaliou o pai.
Para Carvalho, o processo só se prolongou porque, falou, "o Brasil tem essa coisa de que ninguém é condenado". "Só que nós insistimos e agora finalmente vai ter o júri."
Ele afirmou ainda que a dor da perda é insuperável, mas que a dor da injustiça machuca muito também.
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