Belford Roxo: Polícia intercepta áudios de suspeitos citando meninos
A Polícia Civil do Rio interceptou áudios de suspeitos de serem traficantes mencionando a morte das três crianças de Belford Roxo, durante as investigações sobre o desaparecimento dos meninos. Na manhã de hoje, a corporação faz uma operação que cumpre mais de 30 mandados e já resultou em ao menos 18 prisões.
Em um dos áudios, um suspeito de ser traficante se refere a Victor Hugo dos Santos Goulart, conhecido como VT ou Vitinho, como "otário" e pessoa de sorte, "pois iria morrer pelos traficantes" e afirma que ele "meteu o pé porque viu que estava morrendo geral no tribunal do tráfico".
- Aí, tu tá vendo a Record?
- Tô vendo. O otário deu sorte de não morrer na nossa mão, por isso que ele se entregou, porque nós é que ia matar ele.
- Quem é esse cara?
- É o VT, o Vitinho, que é a frente do Castelo e meteu o pé, viu que tava morrendo geral e se entregou.
- Esse daí que é o VT?
- É.
-É ele, é ?
- É ele, é ele.
O suspeito se referia às mortes de traficantes supostamente envolvidos no caso das crianças.
Em outra conversa, a polícia identificou outra citação a VT entre duas mulheres.
- Não tem o VT do Castelar? VT se entregou.
- Pra quem? Pra polícia?
- Se entregou para a polícia. Ele se entregou para não morrer na mão do tribunal do tráfico.
- Só que ele pode morrer até na cadeia.
- O Estala torturou muito as crianças.
VT é Victor Hugo dos Santos Goulart, conhecido como VT ou Vitinho. Ele foi preso pela DHBF no mês passado, em Cabo Frio, na Região dos Lagos, e não resistiu à prisão. Ele é apontado pela polícia como um dos gerentes do tráfico na comunidade do Castelar.
Segundo a Polícia Civil, ele dividia o cargo com Willer Castro da Silva, o Estala, "condenado à morte" pelo tribunal do tráfico, em setembro. A suspeita é que Estala tenha sido executado no Complexo da Penha, na zona norte do Rio, como queima de arquivo.
A comunidade do Castelar funciona como uma franquia da Penha, na Baixada Fluminense.
Mais áudios
Segundo a TV Globo, a Polícia Civil também teve acesso a uma conversa entre dois supostos traficantes do Complexo do Castelar, em que um afirma estar sendo incriminado pela morte dos garotos.
"Me colocaram como suspeito dessa morte das crianças também. Não viu não, na televisão?", pergunta um deles, no áudio exibido pela emissora. O outro responde: "E tu não quis nem bater. Lembra?".
A polícia não identificou os homens que aparecem na gravação.
A operação
Em operação na comunidade para fechar o inquérito sobre a morte e o desaparecimentos das crianças, a Polícia Civil faz uma operação na região para cumprir 56 mandados de prisão. Até o momento, 18 pessoas foram presas. Outras 15 tiveram mandados cumpridos na prisão.
Lucas Matheus, Alexandre da Silva e Fernando Henrique desapareceram em 27 de dezembro do ano passado quando saíram para jogar futebol e nunca mais foram vistos. Segundo a DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense), o crime foi motivado pelo furto de uma gaiola com passarinho.
Ainda de acordo com a polícia, um dos chefes do tráfico da região pediu autorização para matar o trio, mas não informou que eram crianças. A polícia passou a investigar também a suspeita de mortes de traficantes como punição ao caso dos garotos.
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