Caso Evandro: governo do PR pede perdão para família de criança sequestrada
O governo do Paraná se responsabilizou em entregar um pedido de desculpas formal à família de Evandro Ramos Caetano. Chamado de "As Bruxas de Guaratuba", o caso ocorreu em 1992. Na época com seis anos, o garoto desapareceu entre o trajeto de casa e da escola. Após alguns dias, o corpo foi encontrado em um matagal em Guaratuba, no litoral do estado, com órgãos arrancados e pés e mãos cortados.
Segundo o secretário estadual da Justiça, Ney Leprevost, o pedido de perdão se dá pela inconclusão do caso, cujo culpado não foi encontrado. Além disso, um grupo de trabalho do governo identificou possíveis erros no processo e na investigação do crime. A apuração mais aprofundada, com 600 páginas, foi finalizada hoje (22) e veio à tona após a grande repercussão nacional da série "O caso Evandro", divulgada pela Globoplay.
"Entendo que o Estado do Paraná tem que pedir desculpas por não ter conseguido um resultado final para saber quem cometeu esse crime. Preocupa muito o fato desse criminoso poder ainda estar solto no Brasil ou no exterior. O grupo de trabalho ouviu os acusados desse crime, os delegados e uma série de pessoas que estavam envolvidas na época. São apontamentos importantes, que podem ajudar na segurança das nossas crianças e que não devem voltar a acontecer no nosso Estado", disse o secretário.
Para a polícia e para o Ministério Público do Paraná (MPPR), o corpo encontrado era de Evandro e os responsáveis pela morte são:
- Beatriz e Celina Abagge, filha e esposa do então prefeito de Guaratuba em 1992, Aldo Abagge;
- Osvaldo Marcineiro, pai de santo;
- Vicente de Paula Ferreira, ajudante do pai de santo;
- Davi dos Santos Soares, artesão e vice-presidente da associação de artesãos de Guaratuba em 1992;
- Francisco Sérgio Cristofolini, vizinho do prefeito; e
- Airton Bardelli dos Santos, funcionário da serraria da família Abagge.
Confissões à deriva
Em um primeiro momento, os sete acusados confessaram o crime e foram condenados. Porém, depois alegaram que as declarações foram feitas mediante tortura, conforme fitas obtidas pelo jornalista Ivan Mizanzuk, em 2020.
"Mesmo quando o réu é culpado, ele não deve confessar sob tortura. Isso prejudica o sistema judicial e viola os direitos internacionais dos seres humanos. Essas confissões não são válidas em nível jurídico e prejudicam a punição de culpados", diz o secretário.
Novas soluções
Com o relatório final do "Caso Evandro - Apontamentos para o Futuro", a Secretaria da Justiça, Família e Trabalho do Paraná também propôs a criação de um comitê de prevenção à tortura e anunciou a criação de uma rede estadual de aviso de desaparecimento de pessoas no Paraná.
A intenção é que, com a rede, todas as delegacais sejam informadas simultaneamente sobre os novos os caso e propôs a criação de um comitê de prevenção de tortura no estado.
Por meio da secretaria, a carta de desculpas também será fornecida aos familiares de Leandro Bossi, desaparecido no mesmo município e no mesmo ano, e na época com 7 anos. O menino não foi encontrado até agora.
Até o momento de publicação desta reportagem não foi confirmada a data de entrega da carta.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.