Hospitais de SP têm movimento intenso de pacientes com suspeita de covid
Hospitais das redes particular e pública da cidade de São Paulo têm registrado movimentação intensa de pacientes com suspeita de covid-19 e H3N2 após festas de fim de ano e o avanço da transmissão comunitária da variante ômicron.
A reportagem do UOL esteve hoje em unidades particulares, localizadas em áreas centrais da capital paulista, e em hospitais da rede pública da zona sul. Mais de 40 pessoas aguardavam, no final da manhã de hoje, atendimento no Hospital Sírio-Libanês e no Hospital 9 de Julho, localizados no bairro da Consolação. Ontem à noite, pacientes também enfrentaram filas nesses centros de saúde.
Espera de mais de 1 hora
Por volta das 10h, a espera por atendimento médico variava entre uma e duas horas no 9 de Julho, segundo relataram pacientes e acompanhantes que estavam na recepção da unidade.
A espera compreendia o momento da retirada de senha na recepção da unidade até o atendimento médico. A solicitação de testes e a espera pelo resultado elevavam ainda mais o tempo de espera.
"Esperei cerca de uma hora para ser atendido pelo médico, mas pediram para eu fazer um [teste] RT-PCR dentro de dois dias, porque estou no início dos sintomas", relatou o publicitário Silas Setin.
Bárbara Oliveira, que aguardava ser chamada para a consulta, preferiu ficar do lado de fora da recepção em razão dos riscos de contágio. Ela conta que chegou ao 9 de Julho após desistir de esperar pelo atendimento no Hospital Sírio-Libanês. "Fui no Sírio e está bem cheio. Tinha fila até do lado de fora."
Segundo informações repassadas à reportagem na recepção do 9 de Julho, 21 pacientes com sintomas brandos ou intensos de síndrome respiratória aguardavam atendimento na emergência por volta das 10h30. O fluxo de pacientes é menor no turno da manhã, mas a partir do final da tarde o movimento tem auentado.
Já o Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, estava lotado no começo da tarde de hoje. O tempo de espera para fazer um teste de covid superava uma hora. Pacientes com diferentes sintomas se misturavam na recepção e do lado de fora da unidade.
Sandra Aparecida Domingues, 23, e Rafael de Lima, 28, já estavam por volta de uma hora e meia esperando para serem atendidos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do hospital. O casal levava o filho de 6 anos, que é asmático e apresentava vômito e febre. "Mandaram esperar. Disseram que tem muita gente vindo fazer teste", disse a mãe.
Indicativo de surto de gripe
O movimento também era grande na UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Paranapanema, no Jardim Ângela, na zona sul. A procura de pacientes com complicações respiratórias começou a se intensificar na segunda metade de dezembro. "As pessoas começaram a afrouxar um pouco os cuidados", diz o gerente da unidade, James Braga, que atribui isso ao avanço da vacinação contra a covid no Brasil.
A médica Edma de Mello relatou que, no começo do mês passado, atendia na UBS até 30 pacientes com síndromes respiratórias por dia. Ao longo de dezembro, a demanda superou 60 pacientes.
Na última quarta-feira (29), poucos dias após o Natal, a profissional diz que chegou a atender 78 pessoas, das quais apenas cinco foram confirmados com covid. Para ela, trata-se de mais um sinal do avanço da epidemia de gripe na capital.
Internações por SRAG
Os casos semanais de internação por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda) apresentaram alta a partir do final de novembro na capital paulista, segundo dados da prefeitura.
- De 21 a 27 de novembro: 724 casos
- De 28 de novembro a 4 de dezembro: 778 casos
- De 5 a 11 de dezembro: 1062 casos
- De 12 a 18 de dezembro: 1342 casos
- De 19 a 25 de dezembro: 1199 casos
- De 26 de dezembro a 1º de janeiro: 432 casos
A maioria desses casos ainda está sob investigação, sem haver como saber no momento se o paciente contraiu covid, influenza ou outro vírus. Na última semana epidemiológica, de 26 de dezembro a 1º de janeiro, a queda pode ser decorrente do período de recesso, sem representar uma diminuição real.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, há pelo menos 24 casos confirmados de "flurona" na capital paulista, a infecção simultânea por covid-19 e influenza.
Febre e dores no corpo após Réveillon
A psicóloga Thelma Barros aguardava na recepção do Hospital 9 de Julho enquanto o filho de 22 anos recebia atendimento médico na área restrita aos pacientes. Os dois chegaram ao local por volta das 9h20 e já esperavam quase uma hora.
"Ele me disse aqui pelo WhatsApp que tem muita gente tossindo lá dentro e que procurou um cantinho para ficar mais distante, na medida do possível", disse ela, complementando que em outros momentos o atendimento no hospital costuma ser rápido, mas que hoje estava demorado.
"Meu filho tirou a senha 760. Quando ele saiu da recepção e foi para dentro do pronto-socorro, havia ao menos 20 pessoas na frente dele. A ficha que chamaram agora há pouco foi a 756, mas quando ele entrou, estava na 743", explicou.
A ida ao hospital aconteceu após o filho de Thelma Barros se queixar de dores no corpo e na cabeça após confraternização de Réveillon com dois amigos que tinham sintomas suspeitos de covid-19.
Tanto no 9 de Julho quanto no Sírio-Libanês a movimentação de crianças com sintomas virais era notável por volta das 10h30.
Guilherme de 4 anos estava com enjoo e vômito, além de dor de cabeça, e foi levado à unidade médica pela avó, Maria Tereza —que perdeu a mãe no dia 1º deste ano, para a covid-19. Outras três crianças entre 1 e 5 anos estavam acompanhadas pelos responsáveis no 9 de Julho, enquanto outras quatro entre 6 meses e 6 anos estiveram na recepção do Sírio-Libanês.
Domésticas acompanham patrões no Sírio
O pronto-socorro do Sírio-Libanês tinha uma fila de pacientes do lado de fora da recepção, além de poltronas lotadas perto do estacionamento. A condição clínica dos pacientes parecia ser mais grave que a dos que estavam no 9 de Julho, com mais pessoas tossindo.
Uma mulher apoiava a cabeça entre as mãos ao abraçar o corpo. Às 11h, ela se queixava de fortes sintomas. Até as 11h30, ela ainda não havia recebido atendimento.
Por mais de uma hora e meia, a trabalhadora doméstica Ildete Rosário Santos aguardou o atendimento da patroa, de 93 anos, que tinha como acompanhante oficial a filha. Ildete, que aguardava a patroa ao lado de pacientes que espirravam e tossiam, só foi liberada pela chefia quando souberam que a espera poderia ser de mais duas horas e meia para exames.
"Com esse surto, os postos estão todos cheios, mas tomo todos os cuidados [para não pegar covid]. Uso máscara e álcool, não fico em aglomeração, e meu marido me busca de carro no serviço", conta.
Uma segunda idosa de 64 anos que não quis se identificar disse que aguardava havia pouco mais de uma hora o patrão, que deu entrada no hospital com sintomas de covid. Ela preferiu ficar em pé, debaixo do sol, para se distanciar das pessoas sintomáticas que estavam nas poltronas.
O que diz o Sírio-Libanês
O Hospital Sírio-Libanês afirma que os pacientes que procuram o serviço de pronto-atendimento vêm enfrentando um tempo maior de espera devido ao aumento de casos de síndromes gripais. A instituição informou também que a equipe abriu novas salas e aumentou o número de colaboradores para acelerar o atendimento.
O hospital disse ainda que recomenda que os pacientes só procurem o atendimento de urgência em casos graves e que quase metade dos pacientes que buscaram atendimento nos últimos dias são de casos leves.
Segundo a nota enviada pela unidade de saúde, os sintomas que indicam um quadro mais grave são: falta de ar, lábios arroxeados (cianose), chiado ou dor no peito, desmaio ou sensação de desmaio, confusão mental, febre de difícil controle a partir do quinto dia e convulsão.
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