Capitólio (MG): prefeito diz que nunca foi feita análise de risco no cânion
O prefeito de Capitólio (MG), Cristiano Geraldo da Silva, admitiu hoje (9) que um estudo de análise de risco geológico nunca foi feito no local onde ocorreu o desabamento do paredão de rocha. O acidente deixou dez pessoas mortas e outras dezenas de vítimas feridas.
Então, até o momento, não [nunca foi debatida a análise de risco geológico]. Eu acredito, assim, que para a gente olhar dentro de uma tragédia e fazer um questionamento desse não seria virtuoso. Daqui para frente, sim, a gente precisa fazer uma análise dessa. Porque, isso daí... ah, foi uma falha de quem explora o turismo? Acredito que não. Cristiano Geraldo da Silva, durante à imprensa
"Nós temos uma lei, no município, que regimenta o funcionamento nos cânions, a permanência de lanchas, as pessoas nadarem ali... A Marinha tem as suas legislações que regulamenta o ordenamento costeiro. Então, todos esses pontos já estão sendo trabalhados pela Marinha em relação ao ordenamento", acrescentou, em seguida.
Em entrevista à GloboNews, o especialista em gerenciamento de risco Gustavo Cunha contestou a fala do prefeito e disse que a região deveria ter, sim, um plano de emergência.
Quem fiscaliza? Como essa notícia chega até os marinheiros, aos proprietários das lanchas? Esse tipo de comunicação na gestão de riscos é fundamental. Não basta você fazer um planejamento ou um mapeamento de risco que fica engavetado, que não chega a quem interessa. Em segundo lugar: a fiscalização. Quem vai lá fiscalizar se tal número de barcos é adequado; se tem um excesso de pessoas no local ou nos barcos. Tudo isso tem que ser feito. A coletividade deveria ter um plano de emergência. Gustavo Cunha, especialista em gerenciamento de risco
Ao todo, quatro embarcações sofreram impacto — direta e indiretamente — após o desabamento do bloco de rocha. São elas:
- Lancha EDL: 14 pessoas socorridas com vida;
- Lancha Jesus: dez pessoas estavam na embarcação antes do acidente; oito mortos foram localizados e identificados, mas nomes não foram divulgados. Os dois desaparecidos estavam nesta lancha;
- Lancha vermelha (sem nome): dez pessoas socorridas com vida;
- Nova Mãe: oito pessoas socorridas com vida.
Ao menos 30 vítimas foram atendidas e liberadas, sendo 23 na Santa Casa de Capitólio, quatro na Santa Casa de São José da Barra, duas na Santa Casa de Piumhi e uma na Santa Casa de Passos. Duas seguem hospitalizadas: uma em Piumhi e outra em Passos, ambas com quadro de saúde estável.
O Corpo de Bombeiros informou ainda que atua no local com apoio de cerca de 40 militares, uma equipe de mergulhadores especializados e uma aeronave Arcanjo 08, caso seja necessário a transferência de uma das vítimas para Belo Horizonte. O trabalho de mergulho foi interrompido agora à noite, em razão de segurança das guarnições, mas os trabalhos de busca devem continuar.
Os corpos das vítimas serão encaminhados para IML de Passos, onde será feito exame necroscópico para saber causa de morte, para saber se houve afogamento, politraumatismo contuso e exame toxicológico.
Zema: "Dor de uma tragédia"
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), lamentou o acidente por meio de mensagem publicada nas redes sociais e disse acompanhar o caso desde os primeiros momentos.
Sofremos a dor de uma tragédia em nosso estado, devido às fortes chuvas, que provocaram o desprendimento de um paredão de pedras no lago de Furnas, em Capitólio. O governo de Minas está presente desde os primeiros momentos através da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.
Romeu Zema, nas redes sociais
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