Topo

Visita a Monique abre confronto entre advogados envolvidos no Caso Henry

Monique Medeiros e Dr. Jairinho são réus no Caso Henry - Arte/ UOL
Monique Medeiros e Dr. Jairinho são réus no Caso Henry Imagem: Arte/ UOL

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

18/01/2022 17h28

A visita da advogada Flávia Fróes à pedagoga Monique Medeiros, no último dia 7, desdobrou-se em mais um capítulo do Caso Henry. Após a mãe do menino relatar ter sido ameaçada por Flávia, a advogada abriu hoje uma queixa-crime por calúnia contra a defesa de Monique na 23ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Flávia, que é contratada pela família do ex-vereador Dr. Jairinho para fazer uma "investigação defensiva", diz que as ameaças descritas por Monique e relatadas por sua defesa no processo criminal sobre a morte de Henry têm como objetivo "benefícios processuais". Ao UOL, a defesa da mãe da criança afirmou que "fez o que cabia": "informar o que fora relatado por Monique".

A mãe de Henry sustenta que a advogada tentou coagi-la a assinar um documento para assumir a culpa pela morte do filho. Na queixa-crime, Flávia levanta a hipótese de Monique não saber o teor das ofensas que teriam sido relatadas por ela a seus advogados. "Ela será interpelada judicialmente para que se esclareça se realmente falou o que seus advogados afirmaram", diz o texto.

A advogada, que nega ter ameaçado Monique, expõe na queixa-crime um contrato assinado entre ela e Jairinho, que autoriza a investigação defensiva. Flávia não consta no time de defensores responsáveis pela defesa de Jairinho no processo em que é acusado com Monique do homicídio do garoto.

Segundo explicou Flávia à reportagem, sua função consiste em coletar evidências e provas sobre a materialidade do crime —no caso, se Henry realmente foi assassinado pelo padrasto.

"Não há presunção de ilicitude" na investigação defensiva, defende Flávia na queixa-crime. "[Os advogados de Monique] Agiram em pleno conhecimento da inocência desta [Flávia], em plena consciência de que estavam a levantar afirmações falsas sobre fatos inexistentes", diz o documento. E completa: "O ônus da prova incube a quem alega".

Ao UOL, Flávia diz crer que o relato da ameaça se deu para que a defesa de Monique obtivesse "vantagem" no processo criminal. "Eles não tinham nenhum fato novo para justificar a renovação do pleito de liberdade, criaram fatos falsos para servir de fundamento", diz.

A defesa de Monique afirma: "Não temos mais sobre o que nos manifestar. (...) Apenas fizemos o que nos cabia, que era peticionar e informar o que fora relatado por Monique. No mais, estamos aguardando e confiando nas autoridades competentes".

O teor do encontro do dia 7 foi levantado pela defesa de Monique no dia 12. Em um documento assinado por Monique e seus advogados, a mãe de Henry afirma ter sofrido ameaças de Flávia na cadeia. Os advogados afirmam que a intimidação tinha como objetivo inocentar o ex-vereador no processo que apura a morte do menino aos 4 anos.

Flávia confirmou a visita a Monique, mas negou ter feito ameaças e diz ter ido ao presídio colher informações com Monique sobre o histórico de saúde de Henry.

Advogada pede transferência de outra detenta

Além da queixa-crime, Flávia também anexou uma petição ao processo que apura a morte de Henry para que uma detenta seja transferida do Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, onde também está presa Monique.

A detenta, identificada como Elker Cristina Jorge, surgiu na história após a defesa de Monique afirmar que, dias após a visita de Flávia, um advogado identificado apenas como Fábio pediu para que a detenta "passasse recados" a Monique —o que a defesa da mãe de Henry considerou uma nova ameaça.

Os advogados afirmam que Fábio tentou, sem sucesso, visitar Monique nos dias 13 e 14. Hugo Novais, defensor de Monique, diz que Fábio assumiu ser amigo de Flávia. A defesa de Monique afirma que sua cliente corre riscos "físico e psicológico" dentro da cadeia e pediu prisão domiciliar.

Monique e Jairinho foram presos em 8 de abril. Os laudos periciais apontam 23 lesões no corpo do menino, e que Henry morreu em decorrência de hemorragia interna e laceração no fígado causada por ação contundente. Ele estava no apartamento com a mãe e o padrasto, na Barra da Tijuca, zona oeste, na noite em que morreu.