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Família de mulher morta após mata-leão não sabia da gravidez: 'Revolta'

Antonieli Nunes teria sido morta por Gabriel Masioli, diz Polícia Civil de Rondônia - Reprodução
Antonieli Nunes teria sido morta por Gabriel Masioli, diz Polícia Civil de Rondônia Imagem: Reprodução

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL

08/02/2022 11h20

A gerente administrativa Antonieli Nunes Martins, 32, morta em Pimenta Bueno (RO) ainda não havia contado à família sobre a gestação. O técnico em informática Gabriel Henrique Masioli, 28, assumiu o crime, segundo a Polícia Civil, e justificou que não queria assumir o bebê, já que é casado com outra mulher.

A vítima morreu após receber um "mata-leão" seguido de uma facada no pescoço, que, de acordo com o depoimento, foi desferida por Gabriel, com quem mantinha uma relação há dez meses.

De acordo com o primo da vítima, Lucas Nunes, 26, Antonieli decidiu contar para Gabriel sobre o bebê em 1º de fevereiro. A mulher deu a ele o teste positivo dentro de uma caixa de presentes com uma roupa de bebê. Ninguém da família dela sabia sobre a gestação.

Casado e filho de pastores evangélicos, Gabriel pediu para encontrar a gestante novamente no dia seguinte.

Ele disse em depoimento que aproveitou um momento de distração de Antonieli e a aplicou um golpe "mata-leão" enquanto estavam deitados de "conchinha". Após perceber que ainda estava viva agonizando na cama, se dirigiu à cozinha, pegou uma faca e a atingiu no pescoço, o que causou a morte.

"Sobre a gestação, ninguém sabia. E isso revolta ainda mais porque é muito difícil entender como alguém mata o próprio filho e a mãe da criança", afirmou o primo ao UOL.

A gravidez de Antonieli foi confirmada após a Polícia Civil pedir uma segunda via do teste ao laboratório, pois Gabriel teria se livrado do exame que recebeu da vítima.

A Polícia Civil passou a tratá-lo como suspeito logo após os primeiros depoimentos dos colegas de trabalho de ambos, que indicaram o caso amoroso entre os dois.

Ele chegou a ser ouvido na delegacia no mesmo dia do achado do cadáver, mas acabou liberado por não estar mais em flagrante. A Polícia Civil e o MP pediram à Justiça a prisão preventiva, decretada no mesmo dia.

Apesar de comprometido, Gabriel não escondia o relacionamento com Antonieli, porque alegava que estava em processo de separação. Nas redes sociais, contudo, o suspeito ainda mantinha o status de casado.

"A família sabia do relacionamento, o pessoal da empresa, a mãe dela e até gente da família dele. O Gabriel chegou a dizer que estava separando, mas não sabemos se era verdade mesmo", disse Lucas.

Ela era muito alegre, simples e humilde no nosso contexto familiar. Estava há 13 anos na mesma empresa, sendo uma das funcionárias mais antigas e com boa relação os colegas de trabalho"
Lucas Nunes, primo da vítima

Procurada pelo UOL, a defesa de Gabriel informou que se manifestará somente no processo.

Mata-leão enquanto estavam de 'conchinha'

A Polícia Civil de Rondônia diz que Gabriel e Antonieli eram colegas de trabalho e mantinham um relacionamento amoroso há dez meses.

O crime ocorreu na quarta-feira (2), um dia depois da mulher revelar a gravidez. Em depoimento, segundo a Polícia Civil, "o suspeito não tinha dúvidas" de que era o pai da criança. A vítima estaria grávida de três meses.

No interrogatório, Gabriel contou que o casal não chegou a discutir. Ele disse que cometeu o crime após uma crise de ansiedade, enquanto ambos estavam deitados na cama da casa que alugavam para se encontrarem.

Segundo a Polícia Civil, o corpo foi encontrado somente na sexta-feira depois que amigos sentiram a falta de Antonieli.

"Ela estava com uma perfuração na altura do pescoço. Os amigos sentiram falta e foram até essa casa, quando encontraram o cadáver", informou ao UOL uma fonte da Polícia Civil que acompanha a investigação.

"A solicitação do MP foi acolhida pela Vara Criminal de Pimenta Bueno, sendo que o suspeito, ao ser informado da prisão decretada, se apresentou a polícia e se encontra preso", diz em nota o Ministério Público.

Na decisão que decretou a prisão, a juíza Roberta Cristina Macedo considerou que o "feminicídio é cometido com desdém e menosprezo à vida da mulher".

"No caso aqui tratado a gravidade é ainda maior, eis que verifica-se - pela leitura do interrogatório do infrator - que a vítima foi morta no momento em que se aconchegava nos braços do infrator, pessoa que deveria protegê-la e querer bem", afirmou em sua decisão.

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