MP denuncia à Justiça dono de marina acusado de matar irmãos em SP
O Ministério Público de São Paulo denunciou o empresário Elias Felix, 54, à comarca de Itanhaém do Tribunal de Justiça de São Paulo, pelo assassinato dos irmãos Everton e Maycon Oliveira Pereira de Andrade, de 27 e 28 anos. Ele é proprietário da marina onde os jovens foram mortos com tiros na cabeça, enquanto encerravam um passeio de jet ski na tarde do último sábado (5), e já havia confessado o crime em depoimento à polícia.
Na peça, assinada pelo promotor Guilherme de Portella Fernandes, é levado em conta que, em janeiro deste ano, Felix teria sido vítima de furto, ocasião em que teriam subtraído uma embarcação sua, no valor de R$ 120 mil. "O denunciado, posteriormente, teria sido então informado por frequentadores do local, que não quiseram se identificar, que os irmãos Everton e Maycon teriam sido os autores do furto em questão".
Ainda segundo o documento, no dia do crime, Felix teria se encontrado com as vítimas na Marina do Felix, de sua propriedade, que fica às margens do rio Itanhaém. "Oportunidade em que os três tiveram uma discussão, que cessou, tendo Maycon e Everton ingressado no rio e saído do local com suas motos aquáticas", escreve o promotor.
Aproximadamente duas horas depois, Maycon e Everton teriam retornado à marina e, após nova discussão, "o empresário sacou uma arma e efetuou disparos de arma de fogo contra as vítimas, as quais ainda se encontravam em suas motos aquáticas", diz o promotor, no documento.
De acordo com a denúncia apresentada pelo MP, o empresário teria agido "por motivo torpe, visando se vingar dos entreveros anteriores, incluindo o suposto furto de sua embarcação e as discussões ocorridas na data dos fatos".
Por essa razão, Portella Fernandes denunciou o empresário Elias Felix pela prática de crime contra a vida humana, de extrema gravidade por excelência, "conduta tipificada no artigo 121, parágrafo 2º, incisos I e IV, do Código Penal, por duas vezes, sendo a presente para, após o seu recebimento, se ver instaurado o devido processo penal".
Empresário alega legítima defesa
O advogado de Elias Felix, Bhauer Bertrand, declarou ao UOL que seu cliente se apresentou espontaneamente à delegacia para prestar depoimentos e dar sua versão dos fatos. "Meu cliente é construtor e comerciante, pessoa conhecida e radicada na cidade de Itanhaém há muitos anos", afirmou.
Segundo ele, Elias Felix conheceu em 2015 um dos irmãos (o mais velho, Maycon), que, à época, se apresentava como Rafael, em razão da venda de um imóvel. "Rafael (Maycon) havia adquirido o imóvel e passou a procurar meu cliente porque havia pendências na documentação do imóvel e não conseguia passar a escritura", explica o defensor.
O advogado conta que, segundo a versão de seu cliente, o rapaz teria passado a ser hostil, até que vieram a se desentender e teriam havido tentativas de intimidação, incluindo com o rapaz supostamente se dizendo integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Depois de um tempo, conta o advogado, Maycon e seu irmão, Everton, apareceram na Marina do Felix e começaram a frequentar o local, deixando seus jet skis guardados no local. "Nada queriam pagar pela estadia e, quando cobrados por Felix, o ameaçavam por conta da suposta pendência do imóvel".
Após desentendimento, Felix teria arrendado a lanchonete e pretendia vender a marina. No dia do crime, segundo a defesa, a discussão teria sido porque os irmãos teriam sido avisados pelo arrendatário da lanchonete da marina, que não mais poderiam deixar os jet skis no local sem pagar, o que teria levado ao desentendimento com Elias Félix e uma suposta ameaça de morte. O trio se reencontrou enquanto os irmãos voltavam à marina.
"Começaram a discutir novamente, momento em que Felix foi empurrado e levou um soco no nariz. Nesse momento, ele estava armado, e vendo que Maycon correu para o jet ski para pegar algo, temendo por sua vida e acreditando que os irmãos iriam matá-lo, acabou atirando nos dois. Ele agiu em legítima defesa", conclui Bertrand.
Finalizado o inquérito policial e após ter sido denunciado pelo Ministério Público, o caso agora segue para o Tribunal de Justiça de São Paulo. Elias Felix, até o momento, aguardará o julgamento em liberdade. A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão preventiva do empresário, ainda não autorizada.
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