Família busca grávida de 8 meses e crianças: 'Ainda temos esperança'

Chovia forte quando Enzo, de 6 anos, disse que iria para a casa dos pais no Morro da Oficina, em Petrópolis, região serrana do Rio, ao lado do imóvel onde estava com os avós. Apenas cinco minutos depois, começou o desmoronamento em razão das chuvas fortes que mataram 126 pessoas na última terça-feira (15), segundo o IML. Enzo não foi mais visto desde então.

Ao ver o deslizamento de terra, um jovem da mesma família pulou o muro de casa e saiu correndo. Quando olhou para trás, não havia mais nada. Agora, os sobreviventes acompanham as buscas à espera de um desfecho positivo em meio à tragédia. "Ainda temos esperança", diz Flávia Stanzani Barbosa, 21. Veja quem são as vítimas do temporal.

Pais de Enzo, Leonardo Alves de Alcântara Stanzani e Graziele Stazani, grávida de oito meses, estão na lista de parentes desaparecidos. Irmão mais novo do garoto, Heitor, 2, conseguiu escapar do temporal com os avós por um buraco na parede da casa instantes antes de a enxurrada arrastar os imóveis da localidade e destruir tudo o que tinha por ali.

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Quem são as vítimas da tragédia de Petrópolis

Flávia Stanzani Barbosa, 21, que estuda odontologia em Juiz de Fora (MG), ficou sabendo da tragédia ao receber vídeos encaminhados por WhatsApp pela sua mãe, a dona de casa Elisabete Alcântara Stanzani, 49, que estava sozinha em uma casa próxima.

"Aí, comecei a ligar, mas ela não atendia. Uma vizinha falou que a chuva tinha levado tudo. Só depois, descobri que a minha mãe também tinha desaparecido", conta Flávia, que está em Petrópolis desde quarta-feira, dia seguinte à tragédia, para ajudar nas buscas e dar suporte aos parentes que escaparam do deslizamento.

Ela também está auxiliando nas buscas pelos vizinhos em uma casa com cinco crianças. Joyce Affonso desapareceu com os filhos Sofia, 4, e Miguel, com apenas três semanas de vida. Larissa, 5, estava no mesmo local com a mãe Michelle. Arthur, 5, também desapareceu da casa junto com a avó Valdeci e com a tia Ana Carolina. "Eles eram como se fossem da minha família também", diz Flávia.

No início da noite, foram encontrados os corpos de o menino Arthur, da tia Ana Carolina e da avó Valdeci.

Ao chegar a Petrópolis, Flávia se deparou com um cenário de destruição.

Foram cenas horríveis. Petrópolis está irreconhecível. Mas ainda temos esperança de encontrar alguém com vida. Ou então, pelo menos, encontrar os corpos para acabar com essa angústia que estamos vivendo por não sabermos o que aconteceu"
Flávia Stanzani, que acompanha as buscas por parentes

A família divulga fotos dos desaparecidos pelo Facebook, em busca de informações sobre o paradeiro deles.

Acompanhe as últimas notícias sobre Petrópolis e mais no UOL News:

O governo de São Paulo informou que enviou hoje integrantes do Corpo de Bombeiros e dois cães farejadores para ajudar na busca por vítimas das chuvas em Petrópolis.

"Vimos imagens de guerra. Lamentável. Tivemos perfeita noção da gravidade do que aconteceu", disse o presidente Jair Bolsonaro (PL) hoje de manhã, após sobrevoar a cidade.

A prefeitura de Petrópolis reservou mais recursos para gastar com luzes de Natal e publicidade do que com contenção de encostas. Levantamento feito pelo UOL no Portal da Transparência do município mostra que R$ 2,1 milhões foram destinados para obras de prevenção de queda de barreiras. Somados, os recursos para propaganda (R$ 4,426 milhões) e a iluminação de fim de ano (R$ 1,105 milhão) foram de R$ 5,531 milhões, mais que o dobro.

Cláudio Castro (PL), governador do Rio, sancionou três novas leis voltadas às vítimas das chuvas em Petrópolis, de acordo com edição de hoje do Diário Oficial do Estado. Uma delas é uma linha de crédito extra entre R$ 50 mil e R$ 500 mil para micro, pequenas e médias empresas afetadas.