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Marginal Tietê: Dois tatuzões seguem submersos 3 semanas após cratera em SP

2.fev.2022 - Cratera aberta ao lado de obra do Metrô na marginal Tiete recebe concreto despejado por tubos dos caminhões  - Eduardo Knapp/Folhapress
2.fev.2022 - Cratera aberta ao lado de obra do Metrô na marginal Tiete recebe concreto despejado por tubos dos caminhões Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

22/02/2022 04h00

Após três semanas, o governo de São Paulo e a empresa Acciona ainda bombeiam o esgoto que invadiu as obras da linha 6-Laranja do metrô e abriu uma cratera em plena Marginal Tietê, a principal via de transporte da capital paulista.

Há dois tatuzões submersos no esgoto. No momento do acidente, um estava em funcionamento e o outro, ainda sendo montado. Os equipamentos aguardam a drenagem dos túneis para serem avaliados e, assim, ter-se ideia de quando as obras poderão ser retomadas. Foi o que explicou ao UOL o secretário de Transportes Metropolitanos, Paulo José Galli.

O túnel de esgoto da Sabesp que se rompeu foi desviado, ainda na semana do acidente, para desembocar em túnel. Mesmo assim, afirma Paulo Galli, a empresa notou que o nível de esgoto a ser retirado da obra, em vez de diminuir, estava aumentando.

"Então, houve injeção de mais massa [concreto] onde a vala foi aberta para que o concreto fechasse o local. O trabalho é parecido com uma rolha. Agora, começamos a retirar o esgoto novamente", diz o secretário, que prevê o término em 20 dias.

Procurada, a Acciona, no entanto, evita falar em prazo. "A drenagem do esgoto está em curso e não há prazo definido para a conclusão", escreveu a empresa em nota.

O problema é que, enquanto todo o material não for completamente retirado, é impossível avaliar o estado das duas escavadeiras — os tatuzões — usadas naquele trecho da obra. O tatuzão é um maquinário de 109 metros de comprimento, dez metros de diâmetro e peso de duas mil toneladas.

Maquete do Tatuzão da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo - Guilherme Bessa/Divulgação - Guilherme Bessa/Divulgação
Maquete do Tatuzão da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo
Imagem: Guilherme Bessa/Divulgação

Uma das máquinas já estava em operação, enquanto a outra, que está do outro lado da Marginal Tietê em relação ao acidente, ainda não estava completamente montada para entrar em operação, conforme explicou a pasta dos Transportes Metropolitanos.

Paulo Galli diz que a empresa está comprando toda parte eletrônica estragada pelo vazamento. A Acciona confirma que a parte eletrônica, de fato, está danificada, mas não falou em ter comprado o material. "A análise do estado dos tatuzões, bem como sua retirada, será realizada somente ao final da drenagem", afirma a empresa.

A entrega da obra da nova linha do metrô está prevista para 2025. O prazo, até o momento, segue inalterado, diz Galli. "Por enquanto, não trabalhamos com aumento de prazo. A empresa está trabalhando nas outras frentes da obra, Nesse momento, trabalhamos com a manutenção dos estragos. A obra não parou".

A pista local da Marginal Tietê, onde a cratera se abriu e está cheia de argamassa, também segue sem previsão de liberação. "Temos um prazo de março, que já foi colocado, mas estamos buscando antecipar essa data. A área está sendo mapeada todo dia, mas não posso dar previsão", afirma o secretário de Transportes Metropolitanos.

Ao mesmo tempo, técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) estão elaborando uma análise sobre as causas do acidente e possíveis reparos para a continuidade da obra. A conclusão do estudo também não tem ainda uma data definida.

Nesta semana, o Ministério Público de São Paulo deve começar a colher depoimentos dos diretores e responsáveis pelas obras. Há um inquérito em andamento para investigar as causas do acidente.