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Chuvas deixam ao menos 14 mortos no Rio; há cinco desaparecidos em Angra

Marcela Lemos, Thaís Augusto e Ruben Berta

Colaboração para o UOL, no Rio, e do UOL, no Rio e em São Paulo

02/04/2022 16h50

Ao menos 14 pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas que atingem o estado do Rio desde ontem. A situação é mais crítica nas cidades de Paraty, onde houve o registro de sete vítimas de uma mesma família, e Angra dos Reis, com seis mortes confirmadas até o momento, além de cinco pessoas desaparecidas.

Em Mesquita, na Baixada Fluminense, segundo informações do Corpo de Bombeiros, um homem, identificado como Daniel Ribeiro Pessoa, morreu eletrocutado na rua Antônio Borges, no bairro Santa Elias, que ficou alagada.

O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu na manhã deste sábado um alerta que vai até 10h de domingo de "grande perigo". Há possibiidade de mais de 100mm de chuvas em 24 horas na região metropolitana, sul, norte e noroeste fluminense.

Em Angra, a Defesa Civil segue em alerta. Há previsão de 70mm de chuvas nas próximas horas e, como o solo já está encharcado, existe possibilidade de novos deslizamentos.

Em Paraty, a prefeitura informou que as vítimas são mãe e seis filhos que moravam em em Ponta Negra. A mulher foi identificada como Lucimar de Jesus Campos e as crianças como João, 2, Estevão, 5, Yasmim, 8, Jasmin, 10, e Luciano, 15, e Lucimara,16.

Lucimar com um dos seis filhos mortos em Paraty - Reprodução / Facebook - Reprodução / Facebook
Lucimar com um dos seis filhos mortos em Paraty
Imagem: Reprodução / Facebook

Na cidade, há outras quatro pessoas feridas, de outras famílias, mas sem gravidade. As informações mais recentes indicam que o deslizamento em Ponta Negra atingiu sete casas.

Neste sábado, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) interditou totalmente a rodovia Rio-Santos (BR-101) nas proximidades de Monsuaba, Portogalo e Garatucaia após a queda de barreiras e pontos de alagamento.

Ontem, um posto da PRF foi destruído por um deslizamento de terra em Paraty, na altura do km 579 da BR-101. Uma viatura da corporação e um veículo foram atingidos, ficando praticamente soterrados, mas ninguém se feriu.

Recorde de chuva em Angra

Nas últimas 48 horas, Angra registrou um volume recorde de chuvas, o equivalente a 655 mm no continente e 592 mm na Ilha Grande —índices jamais registrados anteriormente no município, segundo a prefeitura.

Em entrevista ao "Brasil Urgente", o prefeito da cidade, Fernando Jordão (MDB), afirmou que "o trabalho de prevenção foi feito, mas a chuva foi a maior que já atingiu o município".

Num vídeo divulgado na página do Facebook da prefeitura, Jordão afirmou que decretou neste sábado situação de emergência no município. Ainda há dificuldades para chegar à cidade. A BR-101 tem queda de barreira na altura de Monsuaba, e a opção é a RJ-155.

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o deslizamento que provocou as mortes ocorreu por volta das 3h50 deste sábado na rua Francisco Cesário Alvim, no bairro de Monsuaba. As vítimas ainda não foram identificadas, mas há três crianças entre 4 e 11 anos de idade. Foram instalados refeltores na região para que as buscas por desaparecidos sigam pela madrugada.

Todas as sirenes do sistema de alerta de Angra —28 no total, distribuídas em 20 blocos —, soaram em áreas com risco de deslizamento e alagamento na madrugada, para alertar moradores.

As aulas em escolas públicas municipais foram suspensas e, no momento, 19 moradores se abrigaram nas instalações. Segundo a prefeitura, um SMS sobre a possibilidade de chuvas fortes na região foi enviado aos moradores na quinta-feira (31). Ao todo, 70 bairros receberam mensagens de evacuação.

Resgate em caixa de isopor

Na Baixada Fluminense, as cidades de Mesquita, Belford Roxo e Nova Iguaçu foram as mais castigadas.

O governador Cláudio Castro (PL) esteve em Nova Iguaçu visitiando áreas afetadas. Ele afirmou que está em contato com os municípios das cidades atingidas para auxiliar no cadastro de famílias no aluguel social.

Rodrigo Iglesias, morador de Belford Roxo, precisou usar uma caixa de isopor para tirar os dois filhos da enchente, após as fortes chuvas que atingem a região. Em entrevista à Globonews, questionado sobre o que o motivou a colocar as crianças dentro da caixa, ele respondeu:

"É o desespero. A água estava batendo acima da barriga. Aí eu ia buscar uma caixa d´água em Miguel Couto mas eu vi uma loja aberta e peguei logo um isopor".

2.abr.2021 - Crianças são colocadas em caixa de isopor para fugir de enchente em Belford Roxo (RJ) - Reprodução/Globonews - Reprodução/Globonews
Crianças são colocadas em caixa de isopor para fugir de enchente em Belford Roxo (RJ)
Imagem: Reprodução/Globonews

Na capital fluminense, também houve transtornos em diversos bairros, principalmente na zona oeste.

No bairro de Guaratiba, de acordo com o sistema Alerta Rio, da prefeitura, houve registro de 239mm nas últimas 24 horas.