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Teve até sequestro da mãe: 5 vezes que bolão de loteria acabou em confusão

Novos milionários de Santos não são os únicos: prêmios de loteria já causaram muita dor de cabeça - Reinaldo Canato/UOL
Novos milionários de Santos não são os únicos: prêmios de loteria já causaram muita dor de cabeça Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Rebecca Vettore

Colaboração para UOL

05/04/2022 12h39

Mais um bolão da loteria terminou em confusão. Depois de semanas com o prêmio sendo acumulado, porque ninguém acertava as seis dezenas, finalmente a Mega-Sena saiu no sábado (2). O prêmio de R$ 122 milhões foi dividido entre 44 pessoas de Santos (SP), que trabalham na mesma empresa portuária. Elas se juntaram para fazer um bolão e cada uma levou mais de R$ 2,5 milhões.

Era para ser uma história com final feliz, mas os outros funcionários que decidiram não participar do bolão, mesmo tendo sido convidados, divulgaram os dados pessoais de alguns vencedores nas redes sociais. As informações foram apagadas, mas a situação gerou revolta nos novos milionários. Além do vazamento dos dados, rolou em choradeira geral entre os colegas nos corredores da empresa.

Essa não é a primeira vez que um bolão da loteria acaba em confusão. Veja cinco vezes que um grupo apostou junto e foi prejudicado.

Bolão sem registro deixa apostadores sem prêmio

Já imaginou você e seus amigos acertarem os números da loteria, mas não ganharem o prêmio? Parece improvável, mas essa história realmente aconteceu em 2010 na cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

Um grupo de 40 pessoas comprou as cotas de um bolão oferecido pela lotérica, mas o jogo com os números sorteados pela Mega-Sena não foi lançado no sistema de controle da CEF (Caixa Econômica Federal). O erro só foi percebido pela funcionária horas depois do término do registro das apostas. Parte dos apostadores, que dividiria o prêmio de R$ 53 milhões, entrou na Justiça e pediu uma indenização por danos morais. O resultado da ação, que saiu dois anos depois, não favoreceu os moradores da cidade. Mas o caso não ficou totalmente sem consequências. Na época, a funcionária que deixou de registrar a aposta foi condenada por estelionato, a cumprir dois anos e quatro meses de serviços comunitários e pagar cerca de R$ 2.000 referentes à multa.

Sequestro para tirar prêmio da mãe

Parece até roteiro de filme de ação, mas essa história aconteceu de verdade em 2014. Uma funcionária de um hospital de Teofilândia (BA), a quase 200 quilômetros de Salvador, ganhou um bolão da Mega-Sena da Virada junto com 22 colegas de trabalho e ficou com R$ 2 milhões.

O filho dela, então, pediu dinheiro para comprar uma casa em Várzea Paulista (SP), mas a ganhadora negou o pedido. Ele resolveu forjar o próprio sequestro com a ajuda de um amigo, pedindo um resgate de R$ 300 mil.

Durante a negociação, a polícia, que passou a acompanhar as ligações da mulher, desconfiou do sequestro e resolveu fazer um teste. Orientada pelos policiais, a faxineira fez alguns depósitos na conta passada pelo filho, e as autoridades acompanharam as imagens do circuito de segurança de um banco em Várzea Paulista para ver quem faria os saques.

Resultado: o filho e o amigo pegavam o dinheiro do sequestro. Os dois foram presos.

Patrão tenta ficar com prêmio de empregado

Esse caso foi um verdadeiro exemplo de que combinado não sai caro. Em 2007, o empresário Altamir José da Igreja e seu então empregado, o marceneiro Flávio Biassi Junior, fizeram um bolão para disputar o prêmio de R$ 55,6 milhões da Mega-Sena.

Os jogadores, que concordaram informalmente em dividir o prêmio caso acertassem, compraram apenas um bilhete. Igreja e Biassi ganharam a aposta com outro jogador e ficaram com R$ 27,8 milhões para dividir entre eles. Mas isso não aconteceu, porque o patrão sumiu com o bilhete premiado.

O empregado então foi à Justiça da sua cidade, Joaçaba (SC), e disse que tinha contribuído para a aposta de Igreja com R$ 1,50 e palpite dos números vencedores.

A Justiça mandou o patrão dividir o prêmio, mas, como ele não quis, o caso foi parar no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que confirmou a decisão.

Igreja recorreu em todas as instâncias, mas não adiantou. O STJ decidiu manter as sentenças das instâncias inferiores que determinavam a divisão do prêmio. No final, o patrão dividiu o valor do prêmio com as correções: R$ 36 milhões.

Reviravolta em bolão envolve até prefeito

Ortelino João Nicolau, morador de São José do Herval (RS), ficou extremamente feliz ao ganhar o prêmio de R$ 119 milhões da Mega em 2010. Mas a felicidade durou pouco. Oito meses depois de acertar as dezenas, o empresário foi indiciado pela Polícia Civil por suspeita de fraude.

Segundo a investigação, a aposta ganhadora teria sido feita por um bolão de funcionários da prefeitura da cidade. Por isso, o valor deveria ser dividido entre Ortelino e os novos donos.

Por falta de consistência na apuração, o caso acabou arquivado pela Justiça. Mas, a história não teve fim, porque nem todos se convenceram sobre o desfecho. Quando as investigações retornaram, tudo mudou: de investigado, Nicolau passou a vítima.

O segundo inquérito concluiu que os funcionários da prefeitura não tinham direito sobre o prêmio, porque haviam simulado um bolão para embolsar o valor.

Três anos depois, 12 pessoas, entre elas o ex-prefeito da cidade José Flávio Godoy e o ex-secretário José Carlos Pinto da Silva, foram denunciadas pelo Ministério Público. Agora, respondem a acusações criminais na Justiça.

Bolão com propaganda enganosa

Em 2010, uma loteria de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, teve que pagar uma indenização de mais de R$ 20 mil a um apostador por danos materiais e morais.

O jogador participou de um bolão organizado pela própria casa lotérica em março de 2004 e tinha todos os números vencedores impressos no bilhete comprado da Lotofácil. Quando tentou receber o valor, o estabelecimento afirmou que ele só teria direito a parte do prêmio.

Pelas regras do bolão, um grupo de 13 jogadores compraria, cada um, o mesmo bilhete por R$ 7 cada contendo 20 números, e a lotérica se comprometeria a fazer todas as combinações possíveis, concorrendo com 91 jogos.

O comprador argumentou que, embora a lotérica devesse ter efetuado 91 jogos, de acordo com as regras do próprio bolão, fez apenas 38 jogos e acusou a empresa de ter lucros abusivos às custas de propaganda enganosa e lesiva ao consumidor.

O Tribunal Regional Federal mandou indenizar o vencedor do prêmio e ainda destacou a responsabilidade da Caixa pela fiscalização das lotéricas: "Se por um lado, a CEF não tem ingerência sobre os chamados 'bolões' das casas lotéricas, por outro, tem o dever legal de fiscalizar a atuação desses estabelecimentos".