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Vídeo mostra criança sendo atingida no rosto por estilhaços de bala no Rio

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

18/04/2022 13h30Atualizada em 18/04/2022 13h30

Câmeras de segurança da Rua Maria Célia Correa, na Vila Kennedy, na zona oeste do Rio de Janeiro, registraram o momento em que uma menina de 9 anos foi atingida no rosto por estilhaços de bala de arma de fogo enquanto caminhava na via, no sábado (16). Uma investigação da Polícia Civil apura a origem do disparo.

As imagens mostram a criança andando ao lado da mãe e da avó durante o dia quando, de repente, cai ao chão. Imediatamente, as mulheres batem nos portões das casas, aparentemente para pedir socorro. Mesmo baleada, a menina consegue levantar do chão. As três entram em um imóvel logo em seguida.

O UOL entrou em contato com os familiares da menina, mas os parentes não quiseram gravar entrevista.

De acordo com a PM (Polícia Militar), a menina foi atingida no olho esquerdo. Ela buscou atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da região, mas depois acabou encaminhada para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, onde está internada em observação.

A SMS (Secretaria Municipal de Saúde) informou que a paciente tem o quadro clínico de saúde estável. A pasta não detalhou, no entanto, o tipo do ferimento da paciente ou se terá eventuais sequelas em razão do estilhaço decorrente do disparo que atingiu a vítima.

Procurada, a Polícia Militar informou que " não foi realizada operação policial no local e que também não houve registro de confronto armado envolvendo as equipes da PM na comunidade da Vila Kennedy no último sábado".

A Polícia Civil do Rio informou que abriu um inquérito para apurar a circunstância que a criança foi baleada.

Região sofre com rivalidade de facções

A Vila Kennedy é vizinha da Vila Aliança. As comunidades são controladas por facções rivais que controlam o tráfico de drogas na região, o CV (Comando Vermelho) e o TCP (Terceiro Comando Puro), respectivamente. Os confrontos são frequentes na região, dizem os moradores.

"É tiroteio o tempo todo. Até barulho de granada já teve esse ano. Esse sábado tivemos tiros, semana passada também. Em fevereiro tinha até criminoso correndo armado por aqui. Eles brigam entre eles mesmo", diz ao UOL um morador que pediu para não ter o nome divulgado.

A Vika Kennedy foi considerada o laboratório da intervenção em 2018 - quando o governo federal determinou ações das Forças Armadas no Rio de Janeiro devido à onda de violência no estado. Na ocasião, as medidas já não haviam sido consideradas eficazes contra o crime.

Militares ocuparam a Vila Kennedy pela primeira vez em 23 de fevereiro. Além de promoverem cercos na comunidade, as forças de segurança desobstruíram vias com a retirada de barricadas instaladas pelo tráfico. Ações de revistas viraram rotina nos acessos à favela.

As ações terminaram em dezembro sem um legado para a comunidade, avalia o morador.

"Foi ruim à época, um ano depois continuou ruim e nada mudou por aqui até agora. A sensação é de abandono. Ninguém resolve", comentou ao UOL outro morador que vive há dez anos na região.