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Homem que quebrou braço de idoso no trânsito se defende: 'Estava armado'

Momento em que João Batista Dias (à esquerda) deixa a delegacia de São Vicente (SP), acompanhado de seus advogados, após duas horas de depoimento - Reprodução/TV Record
Momento em que João Batista Dias (à esquerda) deixa a delegacia de São Vicente (SP), acompanhado de seus advogados, após duas horas de depoimento Imagem: Reprodução/TV Record

18/04/2022 16h59

Em depoimento que durou mais de duas horas, o motorista João Batista Dias, 52, admitiu, hoje (18), à Polícia Civil em São Vicente, litoral de São Paulo, que quebrou o braço de um idoso de 63 anos, durante uma briga de trânsito, mas alegou que a ação seria para se defender de um suposto ataque. "Ele estava armado", declarou.

O momento em que Dias puxa o braço do idoso para fora do carro foi gravado em vídeo por uma passageira que estava em um ônibus no momento em que, com o trânsito parado, o motorista desce do carro que dirigia e aborda o idoso em seu veículo. O caso ocorreu no dia 12 de abril.

"Não tive tempo de pensar a não ser me defender"

Em entrevista à TV Record, Dias conta que estava saindo de casa com o seu carro e descia a rua em que mora quando se deparou com o idoso, que dirigia bem devagar à sua frente, bloqueando a pista da esquerda. "Quando houve uma oportunidade, ultrapassei ele pela direita e ele se sentiu ofendido", contou o motorista.

"Logo à frente, em um semáforo que estava amarelo, eu passei e ele passou no vermelho, me perseguindo. Nesse momento, o trânsito ficou parado e eu tive que parar o carro e ele parou também o dele, me ameaçando. 'Você quer morrer?', ele gritava e mostrando o dedo para mim. Eu tentei sair, ele me fechou umas duas ou três vezes".

Depois disso, Dias conta que o trânsito parou novamente e ele teria percebido, nesse momento, que o idoso se abaixou para pegar algum objeto no assoalho do carro. "Não tive tempo de pensar a não ser me defender. Foi quando me aproximei do carro dele e tentei imobilizar o braço dele", afirmou o motorista, dizendo que o vídeo que circulou nas redes sociais só teria mostrado "metade" do que aconteceu.

"Eu pedia o tempo todo para ele colocar a mão para fora. Eu queria que ele colocasse os dois braços para fora, para eu poder ver a mão dele. Nesse momento eu avistei um objeto no assoalho do carro. Ele me empurrou e colocou o braço esquerdo para fora e, com a mão direita, ele tentava pegar uma arma. Ele tinha uma pistola. Eu contei isso para a polícia".

Dias garante que "não teve escolha" a não ser tentar imobilizar o idoso. "Como o semáforo fechou, eu não tive opção. Se ele atirasse, eu não estaria aqui contando a história. Não o conhecia. Ele foi atrás de mim porque cortei ele pela direita".

O motorista declarou que sua vida se tornou um inferno desde que o caso veio à tona, tendo ele recebido mais de 50 ameaças. "Quem viu aquele vídeo viu só a parte que interessou à Internet. Mas não viu o que aconteceu. Ninguém parou para me ajudar, ficaram só filmando. Se alguém tivesse ajudado, a história seria outra. Essa pessoa (o idoso) é quem estaria na situação que estou passando".

Após prestar depoimento, Dias foi liberado. O caso é investigado como lesão corporal. Procurada, a Polícia Civil informou que ele segue sob investigação e que não poderia fornecer detalhes sobre o depoimento do motorista ou sobre o andamento das investigações.

O UOL não conseguiu localizar o idoso que sofreu as agressões. A defesa do autor da agressão foi contatada, mas até o fechamento desta reportagem não respondeu às mensagens.

Agressão por ter "buzinado demais"

Policiais que acompanham o caso disseram que Dias teria se enfurecido porque o aposentado teria "buzinado demais". No vídeo é possível ouvir o motorista pedindo para o idoso colocar os braços para fora, indagando por que ele havia buzinado para ele. Ele ainda pergunta se a vítima sabia "com quem estava falando". Pelas imagens, fica evidente que o idoso não reage às investidas do agressor.

Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, Dias teria fugido do local logo após ferir a vítima. Mesmo machucado, o idoso conseguiu dirigir até sua casa, onde pediu ajuda à esposa. Levado ao hospital, os médicos constataram um deslocamento em seu cotovelo e uma fratura no braço.