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Homem atira na mulher, ameaça explodir casa e transmite live: 'Folgada'

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, em Santos

19/04/2022 15h05

Após ter atirado contra a esposa e tê-la feito refém, ameaçando explodir a própria casa, em um bairro periférico de Guarujá, litoral de São Paulo, Diecleyton Farley, 42, publicou uma live nas redes sociais onde diz ter tentado "ser o melhor" e chamando a esposa, que tem 41 anos de idade, de "folgada".

Após audiência de custódia, na manhã de hoje (19), a prisão em flagrante foi comutada em preventiva e o acusado permanecerá detido no Centro de Detenção Provisória no município vizinho de São Vicente, mas a defesa afirma que irá recorrer.

Segundo testemunhas, após uma discussão ocorrida entre o casal, Farley atirou contra a esposa, atingindo-a no braço. O caso ocorreu na madrugada de ontem, na casa da família, que fica no bairro Vila Zilda.

Farley ainda teria saído à rua e feito disparos a esmo e depois ateado fogo em uma cadeira de plástico. Com a chegada de agentes da Polícia Militar, que incluiu homens do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), e do Corpo de Bombeiros, o homem correu para dentro do imóvel, que foi cercado.

Uma operação especial foi montada pela polícia para convencer Farley a se entregar, após 7 horas de negociação - Reprodução/Redes Sociais/Plantão Guarujá - Reprodução/Redes Sociais/Plantão Guarujá
Uma operação especial foi montada pela polícia para convencer Farley a se entregar, após 7 horas de negociação
Imagem: Reprodução/Redes Sociais/Plantão Guarujá

As negociações duraram mais de sete horas, pois o suspeito não queria se entregar. Ele chegou a atirar contra os policiais que faziam o cerco.

Em determinado momento, ele teria dito que se mataria e que explodiria a casa da família caso os policiais não deixassem o local. Por volta das 7h, já cansado, ele se rendeu e foi encaminhado à Delegacia Sede de Guarujá.

Após a rendição, os policiais conseguiram entrar no imóvel e resgatar a mulher, que foi encaminhada à UPA Dr. Matheus Santa Maria, onde foi atendida e medicada. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que o caso foi registrado pela Delegacia de Defesa da Mulher do Guarujá.

Por meio de nota, a prefeitura do Guarujá informou hoje que, apesar do ferimento, a paciente está consciente, lúcida e sem risco de morte e foi encaminhada para avaliação cirúrgica no Hospital Santo Amaro. Ao UOL, a filha do casal, de 21 anos, confirmou que a mãe passa bem, mas não quis falar sobre o caso.

Transmissão ao vivo após ferir esposa

Durante a operação, os policiais tiveram acesso a imagens de uma live que Farley publicou nas redes sociais logo após ter acertado a esposa com um tiro.

Na transmissão, feita pelo celular do acusado, ele afirma ter tentado "ser o melhor" e chama a mulher de "folgada".

"Tentei ser o melhor, mas a mulher é folgada, entendeu? Mulher é folgada", afirma Farley no vídeo. Depois, rindo, ele diz: "Aí, Wellington, a tua estava guardada, tu deu sorte".

Segundo apurou o UOL, Wellington é um homem que teria flertado com a esposa do acusado, anos atrás. Um conhecido da família, porém, negou que houve qualquer romance entre os dois.

Defesa pedirá revogação de prisão preventiva

Em entrevista ao UOL, logo após a audiência de custódia, a advogada Karina Andrade, que defende Farley, contou que o casal voltava de uma festa na madrugada de ontem e que, ao chegarem em casa, começaram a discutir. Eles teriam bebido durante a festa e estavam alterados.

"Eles começaram a discutir e brigar. Ele estava deitado na cama e ela, em pé, a um metro de distância dele. As ofensas foram aumentando e o meu cliente pegou uma arma, que ele tinha guardado em casa, e deu um tiro para cima, para encerrar a discussão, que acabou ricocheteando", afirmou a advogada.

"Nesse momento, a esposa se aproximou dele e eles acabaram entrando em uma luta corporal. Foi quando, acidentalmente, o segundo tiro foi disparado, acertando-a no braço", afirma Karina, ressaltando que a arma, calibre 32, era velha, sem uso e só contava com dois projéteis no tambor.

A arma, diz ela, teria sido encontrada por Farley no lixo há cinco anos, quando trabalhava como gari nas ruas da cidade. "Ele a encontrou e guardou, mas nunca usou, era velha demais. O disparo que atingiu a esposa foi acidental. Ele é réu primário, tem bons antecedentes, nunca teve problemas com a polícia", diz a defensora.

Karina diz que entende a decisão da juíza em comutar a prisão em flagrante por preventiva, por entender que o seu cliente, em liberdade, possa oferecer algum risco à vítima que, no caso, é sua esposa. Segundo ela, essa é uma decisão comum em casos como o de seu cliente.

No entanto, ela acredita que a decisão pode ter sido um tanto exagerada e vai entrar com um pedido de revogação, para que Farley possa responder ao processo em liberdade.

"Eles (o casal) estão juntos há mais de 20 anos. Quando se conheceram, tinham 16, eram adolescentes. Ele disse para mim que sabia que a vida dele tinha acabado quando a bala atingiu a esposa. Ele não esperava que uma briga comum, de casal, acabasse assim. Ele está muito preocupado com ela. E ela, com ele, pois já ligou algumas vezes em busca de notícias".