Moradores do centro de SP protestam contra dispersão da 'cracolândia'
Na tarde de hoje, moradores e comerciantes do centro de São Paulo protestaram contra a dispersão da "cracolândia" pela região nos últimos dez dias. Segundo informações da Polícia Militar de São Paulo, o ato começou em torno de 14h50 e foi até às 16h40, de forma pacífica.
Os manifestantes se concentraram no Largo do Arouche e pediram "respeito e segurança" para todos, incluindo moradores e trabalhadores de imóveis na região, bem como frequentadores da "cracolândia".
Cartazes exibidos no protesto chamaram atenção para a insegurança nos bairros de Santa Cecília e Campos Elíseos. "Nem [rua] Helvétia, nem [rua] Frederico, nem [praça] Marechal e nem [praça] Princesa Isabel", dizia uma das placas, em referência a diferentes pontos onde a chamada "cracolândia" se fixou nos últimos meses.
Um morador da região, que preferiu não se identificar, contou que o clima de medo no centro da capital se intensificou nos últimos dias. "As pessoas aqui não dormem, os comércios fecharam completamente ou encerram as atividades mais cedo", disse ao UOL.
"Todo esse contexto é desolador. Assisto tudo isso acontecer ao vivo de onde moro. Não tem jeito de dar credibilidade ao que estão fazendo. O movimento, que protestou hoje, pede consciência das autoridades nas ações. Coibir o tráfico, ajudar os dependentes e pensar nos moradores e comerciantes que são, de forma injusta, impactados", completou.
Dispersão
Em 11 de maio, operação com participação das polícias Civil, Militar e GCM (Guarda Civil Metropolitana) desocupou o ponto de uso e tráfico de drogas da praça Princesa Isabel.
Isso fez com que o fluxo de venda e uso de drogas se espalhasse por novos pontos na região central da cidade, causando sensação de insegurança em moradores e comerciantes.
O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), se posicionou esta semana de maneira favorável às operações. "Em relação à 'cracolândia', nós temos que ter clareza de que a polícia é para combater traficante e tratamento para ajudar os dependentes químicos. É muito mais fácil ter a adesão ao tratamento com a dispersão. Isso acabou acontecendo com o aumento na procura de tratamento", disse.
Morte em ação policial
O assassinato de uma pessoa em situação de rua em meio a uma ação policial levou a Defensoria Pública a encaminhar um documento à Comissão Interamericana de Direitos Humanos pedindo proteção a quem vive em situação de rua na "cracolândia".
No texto, assinado em conjunto com a ONG Conectas Direitos Humanos, o órgão cita ações violentas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) na retirada dos moradores, incluindo chutes, agressões com cassetetes, tiros de bala de borracha e até mordida de cães conduzidos pelos agentes. O padre Julio Lancelotti acusou os agentes de quebrar barracas e tomar cobertores de pessoas em situação de rua.
O UOL flagrou uma dessas agressões, quando um agente atingiu a cabeça de uma pessoa em situação de rua na avenida Rio Branco com um golpe de cassetete. Com sangramento, o homem foi socorrido e levado ao hospital em seguida. As fotos feitas pela reportagem após a agressão foram encaminhadas à Conectas Direitos Humanos e à GCM, que diz investigar o caso.
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