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MPF quer dados de agentes que participaram de operação com 22 mortos no Rio

Pelo menos 21 pessoas morreram após operação na Vila Cruzeiro - JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Pelo menos 21 pessoas morreram após operação na Vila Cruzeiro Imagem: JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

24/05/2022 16h20Atualizada em 24/05/2022 18h36

Poucas horas após a operação policial que terminou com pelo menos 22 mortos na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha (zona norte do Rio), o Ministério Público Federal (MPF) anunciou a abertura de um procedimento investigatório criminal para apurar condutas e possíveis violações cometidas por policiais de forma individual.

O entendimento do MPF, segundo o UOL apurou, é de que o órgão tem competência para apurar também os eventuais crimes cometidos por policiais civis e militares durante a operação. Nesses casos, os crimes seriam apurados por conexão com a atuação de agentes federais.

Segundo o MPF, o órgão foi avisado pela PRF de que a ação policial seria realizada para "eventual cumprimento de mandados de prisão e de desarticulação de organização criminosa".

Com o procedimento, o MPF pediu em caráter de urgência que os superintendentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, que fez a operação em parceria com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, enviem informações sobre os agentes que participaram da ação.

Entre as informações requeridas estão a cópia das fichas funcionais dos agentes, a qualificação deles, o relatório final da operação e as informações sobre o cumprimento dos mandados de prisão emitidos para a ação.

Também foi requerido que os órgãos enviassem o número da ação penal, cópias dos mandados de prisão expedidos e "o local da realização do briefing e cópia da ordem de serviço relacionada a operação policial".

Em nota, o procurador da República Eduardo Benones lembrou que o mesmo local foi palco de operação com oito mortos no mês de fevereiro, durante outra ação da PRF. "O Brasil é signatário de tratados e acordos internacionais que nos obrigam a investigar e punir violações de direitos humanos. E 21 mortos, até agora, em menos de 3 meses, não podem ser investigados como se fossem simples saldo de operações policiais", disse.

Inicialmente, a Polícia Militar e o Hospital Estadual Getúlio Vargas informaram que 11 pessoas morreram durante a ação policial. Porém, ao longo da tarde, o número foi atualizado para 22.

O número de feridos também foi revisado para sete. Houve apreensão de sete fuzis e quatro pistolas na operação.

O Ministério Público disse que a ação policial foi autorizada após movimentação de criminosos do CV (Comando Vermelho) da Vila Cruzeiro para a Rocinha. Já a Defensoria Pública criticou a operação que "jamais seria tolerada em bairros nobres" do Rio.

De acordo com a corporação, "criminosos começaram a fazer disparos de arma de fogo na parte alta da comunidade". Os tiros na região da Penha começaram por volta de 4h20 — moradores relatam momentos de terror durante a ação policial.