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PRF sobre morte de homem negro por policiais do órgão em SE: 'Indignação'

Policiais trancaram Genivaldo e o sufocaram com gás lacrimogênio - Reprodução
Policiais trancaram Genivaldo e o sufocaram com gás lacrimogênio Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo*

29/05/2022 00h03Atualizada em 30/05/2022 07h49

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgou um vídeo institucional na noite de sábado (28) para informar que assistiu "com indignação" ao vídeo que mostra a ação de policiais rodoviários federais durante a abordagem que levou à morte de Genivaldo de Jesus Santos, um homem negro de 38 anos, em Umbaúba, município no litoral sul de Sergipe.

A instituição também apontou que "não compactua com qualquer afronta aos direitos humanos" e "busca aperfeiçoamento na abordagem de pessoas com transtornos mentais", como era o caso da vítima.

Assistimos com indignação os fatos ocorridos na cidade de Umbaúba, em Sergipe, em que uma ação envolvendo PRFs [policiais rodoviários federais] que resultou na morte do senhor Genivaldo Jesus Santos. Não compactuamos com as medidas adotadas durante a abordagem ao senhor Genivaldo. Os procedimentos vistos durante a ação não estão de acordo com as diretrizes expressas em cursos e manuais da nossa instituição. Marco Territo, coordenador-geral de comunicação institucional da PRF

Para a instituição, a ação dos policiais é uma "conduta isolada que não reflete" o posicionamento de outros agentes. O órgão ainda declarou que "desde o primeiro instante" a PRF não se negou a agir no caso e "imediatamente instaurou procedimento administrativo disciplinar, afastando os policiais envolvidos de todas as suas atividades".

"Estamos colaborando com a investigação conduzida pela PRF e MPF [Ministério Público Federal], órgão responsável pelo controle externo policial. A corregedoria-geral da PRF está ativamente empenhada na apuração de todas as circunstâncias. Ressalto ainda que a instituição não compactua com qualquer afronta aos direitos humanos sendo uma das instituições que mais atua diretamente nessa causa."

Apesar da declaração de Territo, a PRF de Sergipe, em nota oficial na quinta-feira (26), afirmou que usou "técnicas de menor agressividade" para dominar Genivaldo, destoando do conteúdo gravado por testemunhas durante a ocorrência. Ainda no texto, a corporação narrou que, durante a abordagem, o homem "resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe da PRF".

A PRF de Sergipe ainda continuou o texto apontando que, em razão da "agressividade" de Genivaldo, segundo a corporação, os agentes empregaram "técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à delegacia da polícia civil da cidade".

Por fim, o chefe da comunicação institucional da PRF também disse que a corporação se "solidariza" com os familiares e amigos de Genivaldo e que o órgão ajudará nas investigações.

"Não mediremos esforços para colaborar com todas as investigações e buscaremos o aperfeiçoamento dos nossos padrões de abordagem. A PRF se manterá forte na sua essência de polícia cidadã", concluiu.

Assista abaixo o vídeo divulgado pela corporação no Instagram:

Entenda o caso

Genivaldo foi morto asfixiado após abordagem da PRF - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Genivaldo foi morto asfixiado após abordagem da PRF
Imagem: Arquivo pessoal

A morte de Genivaldo de Jesus Santos ocorreu em Umbaúba, no litoral Sul de Sergipe, na última quarta-feira (25). O homem de 38 anos, que tinha transtornos mentais, foi abordado em uma motocicleta e em seguida imobilizado e levado para dentro da viatura de forma truculenta.

Um vídeo divulgado em redes sociais mostra a ação policial, na qual Genivaldo é mantido à força dentro da viatura enquanto agentes enchem o carro de spray pimenta e gás lacrimogêneo. Segundo laudo do IML (Instituto Médico Legal), a causa da morte foi "insuficiência aguda secundária a asfixia".

Nos vídeos, populares e um sobrinho da vítima avisam que ele tem transtorno mental e pedem para a polícia soltá-lo, mas, com medo, não se aproximam dos agentes.

*Com Anahi Martinho, em colaboração para o UOL, em São Paulo