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Polícia apura se menina que caiu do 12º andar já tinha sido deixada sozinha

Menina de 6 anos morre ao cair de 12º andar de prédio em Santos após ser deixada sozinha pelo pai - Reprodução/Editoria de Arte
Menina de 6 anos morre ao cair de 12º andar de prédio em Santos após ser deixada sozinha pelo pai Imagem: Reprodução/Editoria de Arte

Mauricio Businari

Colaboração para o UOL, em Santos

12/06/2022 19h31Atualizada em 13/06/2022 05h48

A Polícia Civil de Praia Grande, litoral de São Paulo, investiga a informação de que o pai da menina de 6 anos que caiu do 12° andar de um prédio na madrugada de ontem (11), já a teria deixado sozinha em ocasiões anteriores. Preso em flagrante, ele foi liberado à tarde após uma audiência de custódia. A menina segurava um celular no momento da queda. Segundo o registro do boletim de ocorrência, os policiais militares que estiveram no local encontraram o aparelho ao lado do corpo da criança, além de um chinelo.

Segundo o delegado que cuida do caso, Alexandre Comin, o inquérito que está em andamento será encaminhado ao 2° DP da cidade. "O delegado irá ouvir as testemunhas faltantes e apurar se ele praticou o crime de abandono de incapaz em outras ocasiões", declarou ao UOL.

Menina caiu com um celular

De acordo com o documento, quem chamou a polícia foi o porteiro de um prédio vizinho. Ele relatou que ouviu pedidos de socorro vindos do prédio vizinho, seguindo de um forte estrondo. Ele presumiu que alguém poderia ter caído ou se jogado de uma das muitas varandas do edifício Costa do Mar, um condomínio de classe média alta, localizado na orla da praia do Canto do Forte, bairro nobre da cidade.

Varanda - Reprodução/Internet - Reprodução/Internet
Varanda do edifício Costa do Mar, um condomínio de classe média alta, em Praia Grande
Imagem: Reprodução/Internet

Os policiais se dirigiram ao Costa do Mar e confirmaram com o porteiro que ele também tinha ouvido os gritos e pedidos de socorro. Após vistoria na área condominial, precisamente no segundo pavimento da garagem, os policiais localizaram o corpo de uma criança do sexo feminino, sem sinais vitais aparentes, ao lado de um celular e um chinelo.

Na presença do zelador, que reconheceu a menina, os policiais se dirigiram ao 12° andar, até o apartamento do pai, onde estaria passando o fim de semana. A porta estava trancada e não havia ninguém no interior da unidade. O zelador então entrou em contato telefônico com o pai da menina, um comerciante de 39 anos que, 10 minutos depois, chegou ao local.

Questionado pelos policiais, ele alegou que havia se ausentado por alguns minutos para levar sua namorada até a casa dela e comprar cigarros. Neste momento, foi informado da queda da criança e conduzido à Central de Polícia Judiciária.

Pai foi preso por abandono de incapaz

Comin disse também que o pai, um comerciante de 39 anos, teria ficado transtornado ao chegar ao prédio e tomar conhecimento da morte da filha. E teria ficado ainda mais nervoso quando os policiais deram voz de prisão em flagrante por abandono de incapaz com resultado de morte.

"Ele até se recusou a assinar os papéis, pois estava muito mal por saber do falecimento da filha", contou o delegado, referindo-se aos documentos que o homem deveria assinar na delegacia após o depoimento.

Fiança de R$ 1.212

Durante a audiência de custódia, o juiz Eduardo Hipólito Haddad, do plantão judiciário de Santos e região, concedeu ao pai da criança liberdade provisória. Assim, ele irá aguardar em liberdade o julgamento pelo crime de abandono de incapaz com resultado de morte.

Porém, o magistrado impôs algumas medidas cautelares, como o comparecimento bimestral em juízo para informar suas atividades, a proibição de se mudar ou se ausentar da cidade sem prévia autorização judicial e ainda pagamento de fiança de um salário mínimo (R$ 1.212).

Entenda o caso

Na madrugada de sábado (11), uma criança de 6 anos caiu do 12° andar de um prédio na Avenida Castelo Branco, em Praia Grande. Ela havia ido passar o final de semana no apartamento do pai, que é separado da mãe da menina há alguns anos.

À polícia o comerciante disse que teria deixado a criança dormindo, com as luzes do apartamento acesas, e saído entre as 3h e 4h da manhã para levar a atual namorada até a casa dela, que fica num bairro mais distante, e também comprar cigarros.

Nesse momento, a criança acordou e não viu o pai. Ela então correu até a varanda do apartamento que dá para a lateral do edifício e começou a gritar por socorro quando, ainda não se sabe como, desequilibrou-se e caiu sobre a laje da garagem do edifício.