HRW: Caso Dom e Bruno mostra que direitos humanos estão debaixo do tapete
A diretora da organização Human Rights Watch Brasil, Maria Laura Canineu, disse, em entrevista ao UOL News hoje, que os direitos humanos no país, sobre o governo Jair Bolsonaro (PL), estão "debaixo do tapete".
A advogada cita a morte de um homem em Sergipe por policiais rodoviários federais, que improvisaram uma câmara de gás, e o desaparecimento na Amazônia do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira.
"Quando você vê o presidente do país promovendo iniciativas legislativas que dificultam ainda mais a responsabilidade de agentes que agem com excesso. Os dois casos para mim trazem essa sensação de absoluta ilegalidade, que os direitos humanos estão debaixo do tapete no Brasil".
Investigação do MPF (Ministério Público Federal), por exemplo, mostra que apenas nove de 421 pontos de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, a maior do Brasil, contaram com algum tipo de ação policial, dentro de um plano formulado pelo governo Bolsonaro para tentativa de retirada de garimpeiros que estão na região ilegalmente atrás de ouro. Isso significa que incursões policiais só ocorreram em 2,1% das áreas de garimpo.
"A gente vê o desmantelamento completo de qualquer aparato do Estado que sirva para proteger e fiscalizar ambientalistas. É fato o que está acontecendo na Funai [Fundação Nacional do Índio], exoneração de pessoas como o Bruno, que faziam trabalhos tão importantes", acrescentou Canineu.
O indigenista Bruno Pereira era, até outubro de 2019, o responsável pela CGIIRC (Coordenação Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato) da Funai até ser substituído por um missionário evangélico com pouca experiência no assunto. Segundo antigos colegas, ele deixou o posto por "incompatibilidade" com o atual presidente da Funai, o delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier, e com as diretrizes do governo Bolsonaro para a fundação.
A diretora do Human Rights Watch Brasil diz que o presidente Jair Bolsonaro confirmou os temores despertados durante a campanha eleitoral de 2018. "A gente já tinha uma impressão de que seria um governo anti-direitos humanos e anti-direitos da população indígena".
Investigação reforça suspeita de crime ligado a pesca ilegal
Investigadores que atuam no do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips afirmaram ao jornal Folha de S.Paulo, sob a condição de anonimato, que as novas evidências e provas do caso —em especial a localização de pertences submersos no rio Itaquaí— reforçam a hipótese de que as atividades ilegais de pesca e a caça na região são o pano de fundo do sumiço dos dois.
Integrantes da Polícia Federal e da Polícia Civil no Amazonas também disseram, reservadamente, que as investigações ampliaram o número de suspeitos.
Dessa forma, há outras pessoas investigadas além de Amarildo Oliveira, o Pelado, preso em Atalaia do Norte (AM) por possível participação no desaparecimento. A prisão decretada pela Justiça do Amazonas é temporária, de até 30 dias. A família de Pelado diz que ele é inocente.
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