Dom e Bruno: Avião com restos mortais chega a Brasília para identificação
Os corpos que podem ser do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips chegaram hoje à noite em Brasília (DF). Os restos mortais, que saíram do avião da PF (Polícia Federal) em caixões, serão periciados durante a próxima semana para confirmar as identidades.
Ontem à noite, a PF informou que o pescador Amarildo da Costa Oliveira, também conhecido como "Pelado", confessou ter matado e enterrado os corpos de Bruno e Dom, que estavam desaparecidos desde 5 de junho no Amazonas.
O delegado Guilherme Torres, da Polícia Civil do Amazonas, afirmou, logo após coletiva ontem, que "tudo leva a crer" que os restos humanos encontrados são de Dom e Bruno. Segundo ele, para chegar ao local indicado por Amarildo, a equipe saiu de Atalaia do Norte e navegou por 1h40 pelo rio Itaguaí, depois caminhou por 25 minutos pela mata, até encontrar a região onde o material foi desenterrado.
Apesar da confissão, o envolvimento de outras pessoas não está descartado e a PF tem outro suspeito principal no crime: Oseney de Oliveira, conhecido como Do Santos. Ele é irmão de Amarildo e foi preso na terça, mas negou qualquer envolvimento no duplo homicídio.
Segundo reportagem publicada pelo UOL, o pescador afirmou à PF que esquartejou e enterrou os corpos do jornalista britânico e do indigenista. No seu depoimento, Amarildo também disse ter contado com a ajuda de outras pessoas e foi ele quem levou a PF até os corpos — que estavam a mais de 3 km da área do crime.
Durante coletiva de imprensa essa semana, o delegado Eduardo Alexandre Fontes, superintendente regional da PF no Amazonas, disse que Dom e Bruno teriam sido perseguidos por criminosos em uma lancha, que chegaram a realizar "disparo de arma de fogo" contra a dupla.
Quem são as vítimas?
Dom era correspondente do jornal The Guardian. Britânico, ele veio para o Brasil em 2007 e viajava frequentemente para a Amazônia para relatar a crise ambiental e suas consequências para as comunidades indígenas e suas terras.
O jornalista conheceu Bruno em 2018, durante uma uma reportagem para o Guardian. A dupla fazia parte de uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari, uma das maiores concentrações de indígenas isolados do mundo. O interesse em comum aproximou a dupla.
Já Bruno era servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio). Era conhecido como um defensor dos povos indígenas e atuante na fiscalização de invasores, como garimpeiros, pescadores e madeireiros. Em entrevista ao UOL, o líder indígena Manoel Chorimpa afirmou que o indigenista estava preocupado com as ameaças de morte que vinha sofrendo.
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