PF descarta mandante ou organização por trás da morte de Dom e Bruno
A PF (Polícia Federal) informou hoje que investigações apontam que não houve participação de organização criminosa ou de um possível mandante por trás da morte do indigenista Bruno Araújo e do jornalista britânico Dom Phillips.
Em nota, a PF informou que, até o momento, as investigações continuam e que, apesar de os dois suspeitos presos não terem um mandante, o inquérito ainda busca confirmar ou descartar se houve a participação de outras pessoas no assassinato. "Com o avanço das diligências, novas prisões podem acontecer", informou.
Até o momento, duas pessoas foram presas: Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", e o irmão, Oseney da Costa Oliveira, conhecido como "Dos Santos". Na última terça (14), "Pelado" confessou ter assassinado Dom e Bruno a tiros.
A corporação afirmou ainda que as buscas pela embarcação utilizada por Bruno Pereira e Dom Phillips continuam com o apoio dos indígenas da região e dos integrantes da Unijava (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari).
O jornalista e o indigenista estavam desaparecidos desde 5 de junho. Segundo a Univaja, Bruno vinha sendo alvo de ameaças de garimpeiros, madeireiros e pescadores.
Em nota, a A Unijava afirmou que "não concorda com o desfecho da Polícia Federal que afirma não haver mandante para o crime que culminou na morte de Dom e Bruno".
Restos mortais chegam ao DF
Os corpos que podem ser do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips chegaram ontem à noite em Brasília (DF). Os restos mortais, que saíram do avião da PF em caixões, serão periciados durante a próxima semana para confirmar as identidades.
O delegado Guilherme Torres, da Polícia Civil do Amazonas, afirmou, logo após coletiva ontem, que "tudo leva a crer" que os restos humanos encontrados são de Dom e Bruno. Segundo ele, para chegar ao local indicado por Amarildo, a equipe saiu de Atalaia do Norte e navegou por 1h40 pelo rio Itaguaí, depois caminhou por 25 minutos pela mata, até encontrar a região onde o material foi desenterrado.
Quem são Bruno e Dom?
Dom era correspondente do jornal The Guardian. Britânico, ele veio para o Brasil em 2007 e viajava frequentemente para a Amazônia para relatar a crise ambiental e suas consequências para as comunidades indígenas e suas terras.
O jornalista conheceu Bruno em 2018, durante uma uma reportagem para o Guardian. A dupla fazia parte de uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari, uma das maiores concentrações de indígenas isolados do mundo. O interesse em comum aproximou a dupla.
Já Bruno era servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio). Era conhecido como um defensor dos povos indígenas e atuante na fiscalização de invasores, como garimpeiros, pescadores e madeireiros. Em entrevista ao UOL, o líder indígena Manoel Chorimpa afirmou que o indigenista estava preocupado com as ameaças de morte que vinha sofrendo.
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