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Motorista de aplicativo atropela mulher que não quis cancelar corrida

Pietra Carvalho

Do UOL, em São Paulo

21/06/2022 15h39Atualizada em 22/06/2022 13h16

Uma mulher foi atropelada por um motorista de aplicativo depois que se recusou a cancelar a viagem com o homem, que não quis transportar uma cadeirinha de bebê. O caso aconteceu no bairro Jardim Europa, em Suzano, na região metropolitana de São Paulo. Maira Lino, que trabalha como motogirl, ajudava a filha, o genro e as duas netas a irem embora de sua casa em um carro solicitado na plataforma 99.

Foi o genro da vítima, Tiago Lopes, quem pediu a corrida e tentou colocar o carrinho da filha bebê no porta-malas. O motorista, que em um primeiro momento abriu o bagageiro, mudou de ideia quando viu qual era o objeto guardado pelo casal. Ele afirmou que os passageiros não poderiam levar o equipamento em seu carro, já que ele poderia causar possíveis danos ao veículo.

"A gente viu que o motorista estava falando alguma coisa lá de dentro. Aí ele falou: 'Não é pra colocar, não'. A gente respondeu: 'Não entendi'. Aí ele desceu do carro e falou: 'Não, tem que tirar, porque vai estragar o tampão do meu carro'. Aí a gente explicou que até fechou direitinho (o porta-malas), mas tudo bem, meu esposo tirou o carrinho e nós sugerimos de colocar no banco da frente, já que ainda não pode transportar passageiro e ele ia vazio", contou Letícia Ferreira, filha da vítima, ao UOL, pontuando as regras estabelecidas durante a pandemia pelos aplicativos de transporte.

Mesmo diante das alternativas propostas pelos passageiros, o motorista continuou se negando a transportar o carrinho. Sem abertura para discutir, os clientes pediram para que o motorista cancelasse a viagem, mas ele afirmou que a família é que deveria arcar com o prejuízo do cancelamento.

"Foi quando a gente ficou na calçada, aguardando e ele entrou no carro e foi colocando o cinto. Minha mãe encostou na janela e disse: 'Você pode, por favor, cancelar a corrida? Já que o senhor está se recusando a levar eles por causa da carrinho, não é justo que a gente pague a taxa se é o senhor que não quer levar'. Aí ele olhou pra cara dela e disse: 'Eu não cancelo nada, eu cancelo se quiser'. Começou a ser totalmente ignorante e falar com a gente com grosseria. Foi quando ele foi pra frente com o carro e depois deu ré", detalhou a operadora de telemarketing.

Maira, que conversava com o homem pela porta do passageiro, que estava aberta, bateu contra o vidro quando o motorista deu ré, ignorando que a cliente estava logo atrás. Câmeras de segurança registraram o momento do impacto, que deixou a motogirl caída no chão.

"Eu fui de encontro ao carro, mas, como ele deu ré, ele quase me atropelou, com a minha bebê no colo. E depois ele foi embora, saiu em disparada. Meu esposo tentou ir atrás dele, porque a rua da minha mãe é uma rua sem saída, mas ele fez o retorno, passou pela gente e não prestou nenhum socorro", afirmou Letícia.

Ela e o irmão abriram denúncias na Polícia Militar, Polícia Civil e na própria 99. De acordo com a jovem, a empresa entrou em contato com a família apenas na tarde de ontem, pedindo mais detalhes sobre a história e sobre o estado de saúde de Maira, que declarou ao UOL que "está com o emocional abalado" e não consegue falar sobre o incidente.

"Ele não perguntou nada, não mandou nenhuma mensagem antes de chegar lá. A gente tem muito hábito de pedir carro de aplicativo, eu sei que tem opção de pedir carro maior, mas como eu nunca tive problema, eu nunca pedi. A corrida da casa da minha mãe pra minha casa é de 3 minutos. A gente até falou: 'Moço, é muito pertinho, é muito rápido, não vai estragar o tampão', mas ainda assim ele mandou tirar", concluiu Letícia.

O caso aconteceu na quinta-feira (16). O UOL tenta contato com as políciss Militar e Civil para apurar possíveis desdobramentos na apuração do caso. Caso haja retorno, a matéria será atualizada.

99 afirmou que "apura a denúncia"

Em nota ao UOL, a 99 afirmou que "lamenta o caso e que, assim que tomou conhecimento, mobilizou uma equipe para apurar a denúncia e oferecer o suporte necessário para os usuários".

"A empresa ressalta que o respeito mútuo é a base de tudo e obrigatório para utilização do app. A comunidade 99 não tolera comportamentos ofensivos, atitudes agressivas ou qualquer tipo de violência. Por isso, ambos os perfis foram bloqueados e a plataforma está disponível para colaborar com as investigações das autoridades, se necessário", continuou o comunicado.

A plataforma também orientou clientes que precisem de um espaço maior para transportar a cadeira de bebê que optem pelas categorias Táxi Top ou 99Comfort ao solicitar viagens, já que ambas contam com veículos mais espaçosos.

Ainda assim, caso o usuário seja surpreendido com a falta de espaço no porta-malas, ele pode cancelar a corrida e entrar em contato com a Central de Ajuda (0300-3132-421). Em situações como as de Maira, a taxa de cancelamento será anulada, de acordo com a 99.

Na nota, a empresa não menciona a identidade do motorista envolvido no caso ou se ele foi punido ou banido da plataforma.