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Hitler e ofensa a negros: Homem é preso após ataques em biblioteca de SP

Do UOL, em São Paulo

02/08/2022 19h28Atualizada em 02/08/2022 20h59

Um homem de 39 anos foi preso em flagrante após disparar ofensas racistas e homofóbicas dentro da Biblioteca Mário de Andrade, no bairro da República, no centro de São Paulo, na tarde de hoje. Segundo a Polícia Civil, ele foi detido pela polícia por volta das 13h, após ofender duas mulheres: uma de 39 e outra de 66 anos.

Wilho da Silva Brito foi gravado em vídeo por frequentadores do local e divulgada nas redes sociais. Em pouco mais de uma hora, um dos vídeos com as falas racistas e homofóbicas somou mais de 15 mil visualizações.

Nas imagens, o homem é visto com os livros "Minha Luta", de Adolf Hitler, e "Uma breve história do tempo", de Stephen Hawking, e sendo repreendido por uma funcionária do espaço público e por um homem que grava toda a ação. Ele chega a ser advertido de que racismo é crime, mas ataca pessoas negras, incluindo sua cultura, os associa a dependentes químicos e traficantes e também faz de alvo pessoas homossexuais, usando palavras de baixo calão.

"Eu não gosto de negro, a cultura deles é uma b*sta. Se prestasse, eles não eram discriminados pela sociedade", afirma. Ele relaciona, ainda, pessoas negras a roubos de celulares no centro de São Paulo.

Você acha que eu tô errado? Eu não gosto de negro não, quem gosta de macaco é o zoológico.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo confirmou a ocorrência na tarde de hoje e repudiou as falas emitidas pelo homem e afirmou que a biblioteca é "um espaço marcado pelo respeito às diferenças de gênero, raça, orientação sexual e pela celebração da diversidade".

O órgão confirmou que o homem já tinha "problemas anteriores" no espaço. Ele foi levado por guardas civis municipais até a 2º DP do Bom Retiro e um boletim de ocorrência foi registrado.

O UOL entrou em contato com a Polícia Militar, mas a corporação informou que nenhuma ocorrência foi registrada no endereço da biblioteca na tarde de hoje.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o investigado foi preso em flagrante por injúria racial e pelo crime de preconceitos de raça ou de cor, o racismo. Ele ficará à disposição da Justiça e deve passar por uma audiência de custódia, que deve definir se ele responderá ao crime em liberdade ou se ficará preso preventivamente.

A reportagem acionou a Prefeitura de São Paulo para esclarecer se o local dispõe de cópias do "Minha Luta", de Adolf Hitler, título de comercialização e circulação proibida em várias unidades da federação e aguarda resposta.

Em versão dada à polícia, de acordo com o boletim de ocorrência do caso, o investigado admitiu ter ofendido as vítimas, mas alegou que "foi xingado primeiro de porco por uma pessoa que estava filmando". Ele reforçou, ainda, falas homofóbicas, afirmando que "gosta de estudar e gosta da cultura alemã, que toda a vez que vai em um banheiro público é assediado por homossexuais e por pessoas negras".

Segundo ele, as "ofensas" cometidas por pessoas LGBTQIA+ e por pessoas negras contra ele são feitas "todos os dias" e ele é "assediado toda hora, geralmente por negros, homossexuais e nóias".

O UOL conseguiu confirmar a identidade do investigado, mas ele ainda não teve defesa constituída. A reportagem entrou em contato com a Defensoria Pública de São Paulo em busca de informação se algum profissional será apontado para defendê-lo e também tentou contato, por telefone, mensagem de texto e pelas redes sociais, com o último advogado a representá-lo em um outro processo judicial, mas não recebeu resposta até o momento.

Também enviamos mensagens pelas redes sociais para os perfis atribuídos ao investigado, na tentativa de fazer contato com algum de seus familiares. Este espaço será atualizado tão logo haja manifestação em sua defesa.

Ataques não foram tão repentinos

De acordo com os depoimentos prestados à Polícia Civil, as duas vítimas atacadas são funcionárias da biblioteca e já teriam percebido comportamentos preconceituosos do homem, inclusive na última semana, quando ele participou de uma ação de mediação de leitura no espaço.

Na ocasião, ele teria recebido trechos de livros de uma escritora e falou que "não gostava de mulheres". Ele teria, ainda, se virado para outro frequentador da biblioteca, negro, emitido falas racistas e feito gestos nazistas para funcionárias negras que entraram no local. Os fatos foram comunicados à direção da biblioteca, segundo as vítimas.

Na tarde de hoje, o homem, de porte do livro "Minha Luta", de Adolf Hitler, chamou a atenção e incomodou alguns frequentadores do local. Quando o investigado foi abordado por uma das coordenadoras do local, negra, se exaltou e deu início aos ataques a pessoas negras e à cultura negra.