Grávida é derrubada e imobilizada por PMs no DF: 'Pensei que ia morrer'
Uma adolescente de 16 anos, grávida de três meses, foi derrubada e imobilizada por policiais militares no Distrito Federal. A confusão começou depois do cancelamento de uma festa de rodeio na região do Riacho Fundo I. O evento, marcado para 19, 20 e 21 de agosto, teve o último dia cancelado cerca de seis horas depois do horário previsto para o início das apresentações, já na madrugada de ontem.
Alguns clientes decidiram ir à bilheteria exigir o reembolso imediato do ingresso e, exaltado com a situação, um homem teria derrubado a grade da Administração Regional do Riacho Fundo, onde seria realizada a festa, momento em que os PMs avançaram contra o público.
Em entrevista à TV Globo do Distrito Federal, a adolescente, que não quis se identificar, afirma que se irritou com os policiais, reclamando sobre a ação dos agentes, após ser atingida por gás lacrimogêneo enquanto segurava o sobrinho de dois anos no colo.
"Na hora, como um ser humano, eu fiquei indignada, fiquei com raiva, porque é uma falta de respeito. Estava com uma criança de 2 anos no colo, grávida, e eles não estavam nem aí", afirmou.
Momentos depois, com o menino já no colo de outro familiar, os policiais cercaram a jovem e a imobilizaram no chão, com um dos agentes colocando um dos joelhos sobre suas costas. Imagens feitas por testemunhas e divulgadas nas redes sociais mostram que algumas pessoas tentaram se aproximar para ajudá-la, mas foram afastados pelos PMs, inclusive com gás de pimenta.
"Pensei que eu ia morrer, porque ele estava me pegando tão forte, com o joelho, que eu acho que se ele ficasse mais três segundos daquele jeito eu ia desmaiar, porque eu estava ficando sem ar, não estava aguentando respirar", declarou a adolescente à emissora.
Em nota ao UOL, a Polícia Militar afirmou que o uso da força contra a jovem foi "necessária" depois que ela xingou os agentes e resistiu à ordem de apreensão — já que, por ser menor de 18 anos, não poderia ser presa. Segundo a corporação, após ouvir que seria conduzida à delegacia, ela teria desferido socos, pontapés e mais xingamentos.
O comunicado não comentou a alegação de que os policiais militares teriam jogado spray de pimenta contra a jovem e seu sobrinho, iniciando a situação. Após a confusão, a adolescente foi conduzida à DCA (Delegacia da Criança e do Adolescente) e liberada após a mãe comparecer à unidade.
A família da jovem alega que houve truculência por parte da polícia e abriu um Boletim de Ocorrência. Ela passou por um exame de corpo de delito. Ao UOL, a Polícia Civil do Distrito Federal não deu mais detalhes sobre a investigação, alegando que, por envolver adolescente, o caso segue em sigilo.
Confira abaixo a íntegra da nota da Polícia Militar:
"A Polícia Militar realizava policiamento no evento 'Circuito do Cerrado de Rodeio', quando o locutor anunciou que não haveria mais o evento. Neste momento, as pessoas começaram a deixar o local, porém, algumas permaneceram em frente à bilheteria. Essas pessoas começaram a reivindicar o dinheiro de volta e, com a força que empregavam nos portões, acabaram derrubando-o. A PMDF foi ao local, onde havia mulheres e crianças, e restabeleceu a ordem para que ninguém fosse ferido. A ordem foi desobedecida por algumas pessoas, dentre as pessoas envolvida estava uma jovem. Ela se virou para os policiais e proferiu vários xingamentos ("policialzinho de merda", "filho da puta", "corno", "safado"), entre outros xingamentos com palavras obscenas. Ao mesmo tempo, ela tentou agredir os policiais com socos e pontapés. Foi dada voz de apreensão à adolescente, onde houve resistência, reagindo com mais golpes de socos, pontapés e xingamentos, sendo necessária a utilização da força para conter a jovem. Para encerrar a situação de tumulto, foi solicitado apoio policial em outras áreas tamanho a dificuldade. A adolescente foi conduzida à DCA".
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