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RJ: Jovem é morto em ação da PM; irmã diz que ele morreu enquanto lanchava

Vanderson Gomes trabalhava com carreto e vendia cestas básicas para ajudar a mãe e a irmã - Arquivo pessoal
Vanderson Gomes trabalhava com carreto e vendia cestas básicas para ajudar a mãe e a irmã Imagem: Arquivo pessoal

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

13/09/2022 13h30Atualizada em 13/09/2022 13h30

Um jovem de 20 anos foi morto ontem à noite, durante uma ação da Polícia Militar no bairro da Pavuna, zona norte do Rio de Janeiro. Segundo parentes, Vanderson Gomes fazia um lanche quando foi atingido por um tiro. A PM alega que ele é suspeito de ser traficante de drogas, mas a família contesta a versão.

De acordo com familiares, Gomes era nascido e criado na comunidade Beira Rio e trabalhava com carreto e vendendo cestas básicas para ajudar a mãe e a irmã. A família acusa a Polícia Militar de matar um inocente e pede Justiça.

"O meu irmão era um filho, um tio, um amigo, uma pessoa incrível e a gente não consegue entender. Ele era trabalhador, desde os 9 anos ele vendia doce comigo, porque nunca tivemos condições, ele sempre ajudava nossa mãe. O Estado e a polícia mataram meu irmão", disse Beatriz Gomes, irmã de Vanderson, ao UOL.

Por meio de nota, a PM afirmou que agentes do 41º BPM (Irajá) foram atacados por criminosos durante um patrulhamento e que, durante o confronto, um suspeito foi atingido e não resistiu. A corporação afirmou que com ele "foram apreendidas dez munições, uma pistola e drogas".

Ele estava lanchando antes de ser morto. Era um horário que estava passando criança, eu tinha acabado de buscar meu filho na escola. Todo mundo senta ali [na padaria] para comer, é uma rotina da comunidade, podia ser uma criança. Eu quero Justiça.
Beatriz, irmã de Gomes

Apesar da alegação da Polícia Militar, a família afirma que Gomes não possuía envolvimento com o tráfico de drogas.

"Meu irmão nunca se misturou com isso. Eles [policiais] chegaram atirando, fazendo covardia com os moradores, como sempre fazem. A gente mora na favela, porque não temos condições de morar fora, mas quem mora em favela não é bandido, não. A gente vive em um Estado onde matam e ninguém faz nada", desbafou a irmã.

"Eles tiraram a vida de um inocente, destruíram uma família e estão tentando destruir a imagem do meu irmão. Agora é uma mãe que chora, são sobrinhos que choram, uma família e amigos que choram, porque todo mundo sabe o quanto ele era uma pessoa boa", concluiu a irmã.

Após a morte de Vanderson, moradores realizaram uma manifestação ontem à noite na rodovia Presidente Dutra, na pista sentindo São Paulo. Hoje pela manhã, eles voltaram a interditar o trânsito, colocando fogo em objetos na via. A Polícia Rodoviária Federal já realizou a liberação da pista.

Moradores realizaram uma manifestação ontem à noite e hoje de manhã na Rodovia Presidente Dutra para protestar contra a morte de Vanderson - Divulgação/Polícia Rodoviária Federal - Divulgação/Polícia Rodoviária Federal
Moradores realizaram uma manifestação ontem à noite e hoje de manhã na Rodovia Presidente Dutra para protestar contra a morte de Vanderson
Imagem: Divulgação/Polícia Rodoviária Federal

Hoje foi realizada uma ação da PM na Vila Kennedy, também no Rio, com três mortes e três pessoas feridas. A corporação afirma que a operação busca "coibir o roubo de cargas e veículos".