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PM que matou ex em Curitiba fez TCC sobre violência contra a mulher

Franciele foi feita de refém por Dyegho e morreu ontem - Reprodução/Instagram
Franciele foi feita de refém por Dyegho e morreu ontem Imagem: Reprodução/Instagram

Vinícius Rangel

Colaboração para o UOL, em Curitiba

14/09/2022 21h54

O policial militar que matou a ex-esposa a tiros em uma rua de Curitiba (PR) fez um trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre violência doméstica. Conforme apurado pela reportagem do UOL, Dyegho Henrique Almeida da Silva, 33, fez um curso tecnólogo à distância de Segurança Pública no Instituto Federal do Paraná. O tema do trabalho de conclusão apresentado foi "Violência Doméstica: uma análise sobre os atendimentos em Curitiba".

Em 2008, o PM passou no concurso público para estudar e se tornar fuzileiro naval no Rio de Janeiro, estado onde nasceu, mas logo se mudou para o sul do país. Em 2012, ele chegou a prestar vestibular para o curso de medicina na Universidade Federal da Fronteira do Sul em Chapecó (SC), mas não entrou.

A paixão de Dyegho era o direito. Ele se rendeu ao curso somente depois de passar no cargo de soldado da PM. Ele iria concluir a graduação tão sonhada no mês de dezembro deste ano.

O soldado da Polícia Militar passou por alguns processos administrativos, respondeu procedimentos na corregedoria e recentemente chegou a ser afastado por problemas psiquiátricos. Os casos teriam atrasado a promoção do militar.

Nas redes sociais, muitos amigos do PM lamentaram o ato de suicídio dele e também a morte da jovem enfermeira. Em algumas publicações, colegas relataram que Dyegho era muito estudioso e esforçado.

"Foram momentos incríveis e inesquecíveis que vivemos juntos, o tanto que aprendi, o tanto que sorri. Sempre foi o irmão mais velho que eu não tive, mesmo tão longe, estava tão perto, um cara exemplar, sensato, honesto, amigável, companheiro", disse Leo Medeiros.

Relembre o caso

O soldado da Polícia Militar Dyegho Henrique Almeida da Silva atirou oito vezes em direção ao carro da ex-mulher em Curitiba (PR), ontem. Segundo a PM, depois dos disparos, ele entrou no veículo e fez Franciele de refém. A vítima morreu após passar mais de três horas na mira do ex-companheiro, que cometeu suicídio em seguida.

De acordo com as testemunhas, a ação aconteceu às 17h12 e foi flagrada por câmeras de segurança da região. Na imagem, é possível ver o policial chegando em uma moto e fechando o carro da ex-companheira. Ele desce e aponta a arma. Em seguida, a condutora dá ré e atinge outro automóvel que está atrás. O PM atira várias vezes.

Durante toda a negociação, o homem foi irredutível e disse que não iria se entregar. Tiros foram ouvidos por volta das 21h10 pelas equipes de reportagem que estavam no local cobrindo a operação, indicando a morte de ambos.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie. Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos. Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.