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Mãe de garoto sufocado por padrasto diz que apanhava com luvas de boxe

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

16/09/2022 10h09Atualizada em 16/09/2022 10h41

Procurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por agredir e sufocar o enteado de 4 anos, Victor Arthur Possobom, 32, possui histórico de anotações criminais principalmente por lesão corporal, contra a ex-namorada e a própria mãe. Em depoimento na 77ª DP (Icaraí), em Niterói (RJ), a mãe do menino agredido relata que também sofria violência física. Jéssica Jordão conversou com a reportagem do UOL e disse que ele chegava a usar luvas de boxe para tentar não deixar marcas.

Victor está sendo procurado pela polícia para prestar esclarecimentos.

"Nós namoramos por dois anos e desde o início percebi que ele era violento. Depois que meu filho foi morar com o avô, ele me levou para um apartamento e não me deixava ir embora", disse Jéssica.

"Ele chegou a usar luvas de boxe, pedia para eu ficar parada e me batia na barriga, no rosto. Assim, não ficavam as marcas", acrescentou ela.

Segundo Jéssica, Victor praticava boxe como atividade física.

Além das agressões físicas e psicológicas, Jéssica Jordão afirma que ainda foi estuprada por Victor Possobom.

Ele me estuprou, fui abusada, tanto é que engravidei, mas por causa das agressões eu sofri um aborto. Fui pro hospital e fiquei sendo vigiada para não falar pra ninguém o que estava acontecendo. Na casa pra onde ele me levou, ficava me ameaçando para eu não contar nada pra ninguém. Não consigo acreditar que passei por tudo isso. Jéssica Jordão

Os dois chegaram a ter uma filha, que atualmente está longe da mãe. Jéssica Jordão diz que ela é impedida de ver a criança e que a a mãe de Victor acobertava as agressões dele, mesmo já tendo sido vítima do próprio filho.

boxe - Reprodução - Reprodução
Victor Possobom é acusado por Jéssica Jordão de usar luvas de boxe nas agressões
Imagem: Reprodução

O caso foi registrado em outra delegacia, como "lesão corporal decorrente de violência doméstica".

Apesar de todos esses casos, Victor Possobom chegou a postar nas redes sociais uma foto onde aparece a palavra "família" no peito esquerdo — ele desativou as contas.

O UOL pediu informações à polícia sobre a defesa do suspeito, mas ainda não se sabe se ele tem um advogado, uma vez que ele ainda não foi localizado.

O caso

Victor Possobom foi flagrado em câmeras de segurança do condomínio onde mora, em Niterói, agredindo e sufocando o enteado. Em um dos vídeos, ele aparece sentado ao lado da criança, olha para o lado para verificar se teria alguém no local, e dá dois socos no rosto da criança. Logo após, Victor Possobom sufoca o menino.

victor - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Victor Arthur Possobom, 32, possui histórico de anotações criminais principalmente por lesão corporal, contra a ex-namorada e a própria mãe.
Imagem: Reprodução/Facebook

Em outra imagem, já no elevador do prédio, o agressor novamente sufoca o enteado por cerca de 5 segundos. O homem coloca a mão no rosto da criança e pressiona a cabeça dela contra o espelho do elevador. É possível ver que após o ocorrido, o menino começa a chorar.

As agressões aconteceram no dia 20 de fevereiro deste ano, porém apenas ontem as imagens foram divulgadas.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie. Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 - Central de Atendimento à Mulher - e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos. Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.