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SP: sobrevivente viu parede rachar em desabamento; nasceu de novo, diz mãe

Kleber Eloy do Nascimento, 34, sobrevivente de desabamento em Itapecerica da Serra (SP) - Arquivo pessoal
Kleber Eloy do Nascimento, 34, sobrevivente de desabamento em Itapecerica da Serra (SP) Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

21/09/2022 04h00

A empregada doméstica Vera Lucia do Nascimento, 48, estava no trabalho quando recebeu uma ligação avisando que seu filho, Kleber Eloy do Nascimento, 34, havia sofrido um acidente no trabalho. "Fiquei muito nervosa na hora, pensei que ia passar mal. Tive que me controlar o máximo possível. Só sabia que ele tinha quebrado o pé e mais nada", disse.

Kleber é um dos sobreviventes do desabamento na arquibancada da empresa Multiteiner, localizada em Itapecerica da Serra, região metropolitana de São Paulo, na manhã de ontem (20). Ele trabalhava no setor de montagem de contêineres.

"Pensei que ele teria morrido, deu um medo muito grande. Quando acontece com os outros dá ansiedade. Quando é com a gente é pior", desabafou a mãe.

Vera Lucia só teve notícias do filho quando chegou ao hospital, por volta das 16h. "Ai consegui visitar ele, depois do pós-cirúrgico". Quando Kleber viu a mãe, chorou muito. "A primeira coisa que ele me disse: 'mãe, eu nasci de novo'. Deus renasceu ele, nas orações".

O acidente matou ao menos 9 pessoas, que assistiam a uma palestra de dois candidatos das eleições deste ano. O candidato a deputado estadual Jones Donizette (Solidariedade) e a candidata a deputada federal Ely Santos (Republicanos) tinham acabado de discursar para os funcionários quando o local desabou. Eles ficaram feridos, mas estão bem.

Como foi o acidente? Vera Lucia detalhou, em entrevista ao UOL Notícias, no Hospital Geral de Itapecerica da Serra, como foi o acidente. "Meu filho estava vendo a palestra dos candidatos e quando acabou as pessoas se aglomeraram para comer".

Em seguida, continuou Vera Lucia, Kleber contou que viu a parede rachar. "Ele pensou 'ah, não vai cair', mas segundos depois já estava tudo no chão". Mesmo machucado na perna esquerda, Kleber conseguiu se arrastar dali, mas a parte inferior do local estava cheia de ferros. Um dele perfurou o braço do funcionário.

"Quase pegou no pulmão dele", relatou a mãe aflita. Foi quando outros funcionários conseguiram tirar Kleber do local. "Ele disse que não sabe como, mas foi Deus. Ele levantou e saiu do local. Depois caiu o concreto bem ali".

Kleber só tinha um mês de empresa, onde trabalha montando os contêineres e ainda não havia sido registrado. "Ele reclamou que ninguém da empresa veio e nem vão vir", desabafou Vera Lucia. A reportagem não conseguiu contato com representantes da empresa.

O funcionário fraturou a perna esquerda e o braço esquerdo e precisou passar por uma cirurgia, na perna, para colocar pinos. Ele ficará internado no Hospital Geral da cidade, sem previsão de alta.