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Estudo, amor e fé: o que Suzane von Richthofen faz quando sai da cadeia?

Suzane Von Richthofen deixa a prisão para saidinha temporária - Reprodução
Suzane Von Richthofen deixa a prisão para saidinha temporária Imagem: Reprodução

Marcela Schiavon

Colaboração para o UOL, de Santo André (SP)

26/09/2022 04h00

Condenada a 39 anos de prisão pelo assassinato dos pais, Suzane von Richthofen, 38, já deixou a prisão algumas vezes. Nessas "saidinhas temporárias", visitou o sítio de um ex-namorado, subiu ao púlpito de uma igreja evangélica e foi a uma festa de casamento. A detenta também usa o tempo fora da cadeia para estudar: ela faz biomedicina em uma faculdade particular.

Richthofen está detida na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no interior de São Paulo. Desde 2015, tem direito por lei a saídas da prisão em datas como Dia dos Pais e Dia das Mães. A primeira saída ocorreu em março de 2016, para a Páscoa. A última, no dia 13 de setembro deste ano.

Só em 2022, a detenta já deixou a prisão em março, junho e agora, em setembro, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária). O benefício é concedido a presos que apresentam bom comportamento, já cumpriram uma parte da pena e estão no regime semiaberto, como é o caso de Richthofen.

Pelas regras, ela é proibida de frequentar bares ou casas noturnas e deve permanecer no endereço indicado à administração da penitenciária.

Amor, igreja e pedido de perdão

Quando namorava o marceneiro Rogério Olberg, Richthofen ia para a casa do companheiro, em um sítio em Angatuba (SP) durante as saidinhas. Olberg é irmão de uma companheira de cadeia sentenciada a 29 anos por participar do estupro de suas duas irmãs gêmeas de três anos com o marido e o amante.

Em uma dessas saídas, Richthofen chegou a ir a uma igreja evangélica e dizer que gostaria de ser missionária, segundo um pastor. Subiu ao púlpito, falou de perdão e foi aplaudida sob gritos de "aleluia" por cerca de 300 pessoas. As revelações estão no livro Suzane - Assassina e Manipuladora, do jornalista Ullisses Campbell.

O relacionamento entre Richthofen e Olberg, que começou em 2016, teve fim em março de 2020.

Richthofen também já descumpriu as regras fora da prisão: no Natal de 2018, deveria estar na casa de Olberg, em Angatuba, mas foi flagrada em uma festa de casamento em Taubaté. Após uma denúncia anônima, foi detida.

A Justiça chegou a suspender o benefício de saidinhas depois dessa infração, mas reconsiderou.

Faculdade com nota do Enem

Suzane von Richthofen - Reprodução / TV Vanguarda - Reprodução / TV Vanguarda
Suzane von Richthofen em 'saidinha' de final de ano
Imagem: Reprodução / TV Vanguarda

Suzane von Richthofen também sai para estudar. Depois de obter nota suficiente no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para fazer ensino superior, começou a cursar biomedicina em uma universidade privada em Taubaté (SP), em setembro de 2021. A primeira escolha de curso era farmácia, mas Suzane mudou de ideia.

Para estudar, ela tem direito a sair da penitenciária às 17h e voltar até as 23h55. A condução e as mensalidades de onde estuda são de responsabilidade da detenta.

Richthofen já havia pedido outras vezes para deixar a cadeia em busca de um diploma. Em 2016, foi autorizada pela Justiça, mas não tinha como arcar com a mensalidade. Em 2020, teve solicitação negada para cursar gestão do turismo, no Ifsp (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo), em Campos do Jordão (SP).

À época do crime, em outubro de 2002, ela tinha 18 anos e cursava direito, na PUC-SP.

Richthofen também junta dinheiro: em 2020, trabalhava como coordenadora da oficina de costura da prisão, ganhando um salário mínimo. Segundo Campbel, ela ainda tinha guardado os R$ 120 mil que recebeu do apresentador Gugu Liberato em troca de entrevista e um apartamento de R$ 1 milhão, deixado pela avó paterna depois do crime.

O crime

Os assassinatos de Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen ocorreram em São Paulo, no dia 31 de outubro de 2002. As investigações apontaram que o casal foi morto pelos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, a mando de Suzane von Richthofen.

O crime inicialmente foi tratado como latrocínio — roubo seguido de morte. As investigações, no entanto, começaram a apontar para os três, que confessaram o assassinato no dia 8 de novembro.

O assassinato ocorreu em São Paulo, no dia 31 de outubro de 2002, e inicialmente foi tido como latrocínio -- roubo seguido de morte. No entanto, as investigações começaram a apontar para os três, que confessaram o assassinato no dia 8 de novembro.... - Veja mais em https://www.uol.com.br/splash/noticias/2021/09/26/suzane-20-anos-depois.htm?cmpid=copiaecola