Estudo, amor e fé: o que Suzane von Richthofen faz quando sai da cadeia?
Condenada a 39 anos de prisão pelo assassinato dos pais, Suzane von Richthofen, 38, já deixou a prisão algumas vezes. Nessas "saidinhas temporárias", visitou o sítio de um ex-namorado, subiu ao púlpito de uma igreja evangélica e foi a uma festa de casamento. A detenta também usa o tempo fora da cadeia para estudar: ela faz biomedicina em uma faculdade particular.
Richthofen está detida na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no interior de São Paulo. Desde 2015, tem direito por lei a saídas da prisão em datas como Dia dos Pais e Dia das Mães. A primeira saída ocorreu em março de 2016, para a Páscoa. A última, no dia 13 de setembro deste ano.
Só em 2022, a detenta já deixou a prisão em março, junho e agora, em setembro, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária). O benefício é concedido a presos que apresentam bom comportamento, já cumpriram uma parte da pena e estão no regime semiaberto, como é o caso de Richthofen.
Pelas regras, ela é proibida de frequentar bares ou casas noturnas e deve permanecer no endereço indicado à administração da penitenciária.
Amor, igreja e pedido de perdão
Quando namorava o marceneiro Rogério Olberg, Richthofen ia para a casa do companheiro, em um sítio em Angatuba (SP) durante as saidinhas. Olberg é irmão de uma companheira de cadeia sentenciada a 29 anos por participar do estupro de suas duas irmãs gêmeas de três anos com o marido e o amante.
Em uma dessas saídas, Richthofen chegou a ir a uma igreja evangélica e dizer que gostaria de ser missionária, segundo um pastor. Subiu ao púlpito, falou de perdão e foi aplaudida sob gritos de "aleluia" por cerca de 300 pessoas. As revelações estão no livro Suzane - Assassina e Manipuladora, do jornalista Ullisses Campbell.
O relacionamento entre Richthofen e Olberg, que começou em 2016, teve fim em março de 2020.
Richthofen também já descumpriu as regras fora da prisão: no Natal de 2018, deveria estar na casa de Olberg, em Angatuba, mas foi flagrada em uma festa de casamento em Taubaté. Após uma denúncia anônima, foi detida.
A Justiça chegou a suspender o benefício de saidinhas depois dessa infração, mas reconsiderou.
Faculdade com nota do Enem
Suzane von Richthofen também sai para estudar. Depois de obter nota suficiente no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para fazer ensino superior, começou a cursar biomedicina em uma universidade privada em Taubaté (SP), em setembro de 2021. A primeira escolha de curso era farmácia, mas Suzane mudou de ideia.
Para estudar, ela tem direito a sair da penitenciária às 17h e voltar até as 23h55. A condução e as mensalidades de onde estuda são de responsabilidade da detenta.
Richthofen já havia pedido outras vezes para deixar a cadeia em busca de um diploma. Em 2016, foi autorizada pela Justiça, mas não tinha como arcar com a mensalidade. Em 2020, teve solicitação negada para cursar gestão do turismo, no Ifsp (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo), em Campos do Jordão (SP).
À época do crime, em outubro de 2002, ela tinha 18 anos e cursava direito, na PUC-SP.
Richthofen também junta dinheiro: em 2020, trabalhava como coordenadora da oficina de costura da prisão, ganhando um salário mínimo. Segundo Campbel, ela ainda tinha guardado os R$ 120 mil que recebeu do apresentador Gugu Liberato em troca de entrevista e um apartamento de R$ 1 milhão, deixado pela avó paterna depois do crime.
O crime
Os assassinatos de Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen ocorreram em São Paulo, no dia 31 de outubro de 2002. As investigações apontaram que o casal foi morto pelos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, a mando de Suzane von Richthofen.
O crime inicialmente foi tratado como latrocínio — roubo seguido de morte. As investigações, no entanto, começaram a apontar para os três, que confessaram o assassinato no dia 8 de novembro.
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