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Após prisão em Abu Dhabi, polícia prevê chegada de Brennand a SP em 40 dias

Thiago Brennand foi preso em Abu Dhabi - Arquivo - Reprodução/Facebook
Thiago Brennand foi preso em Abu Dhabi Imagem: Arquivo - Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

14/10/2022 16h49

Preso preventivamente ontem em Abu Dhabi após ficar foragido por mais de um mês, o empresário pernambucano Thiago Brennand só deverá ser extraditado para o Brasil após um intervalo de ao menos 40 dias. A previsão é da Polícia Civil de São Paulo, que ficará encarregada pela sua captura.

A delegada Ivalda Aleixo, da Divisão de Capturas da Polícia Civil de São Paulo, diz que o período de espera até a extradição se justifica em decorrência dos trâmites burocráticos entre os países envolvidos, que conta com a participação da embaixada brasileira nos Emirados Árabes. "Há protocolos internacionais que precisam ser cumpridos", diz.

Após desembarcar em território brasileiro, o empresário de 42 anos será ouvido para se defender das acusações antes de ser encaminhado a um CDP (Centro de Detenção Provisória). Ele estava na lista de procurados da Interpol, a polícia internacional, pela agressão a uma modelo em uma academia de luxo na capital paulista, em agosto deste ano. O episódio foi registrado por câmeras de vigilância.

"Quando chegar no Brasil, a Polícia Federal irá apresentá-lo à Justiça de São Paulo, que expediu o mandado de prisão. Depois, ele será interrogado. O caso dele é indefensável, porque as agressões foram filmadas", diz Aleixo.

O que Brennand disse em vídeo? Na última terça-feira (11), Brennand revelou o seu paradeiro em vídeo publicado no YouTube e apagado horas depois. Na ocasião, ele se defendeu das acusações, se referindo a si mesmo na terceira pessoa. "No momento, [Thiago Brennand] é inimigo público. Talvez um sociopata, talvez um estuprador. Será mesmo? Thiago, quando do acontecimento, era um cidadão sem nenhum antecedente criminal", diz.

Em seguida, ele desafia as próprias autoridades e se define como "uma pessoa politicamente perseguida." "Vamos ver onde vai terminar isso, porque vão ser acionadas cortes internacionais, a própria Interpol. Um amigo meu americano falou: 'rapaz, e se eles ouvissem a minha ex-mulher? Eu ia ser preso.'"

Empresário facilitou trabalho da Interpol. Segundo a delegada, não houve dificuldade para que o empresário fosse capturado. "Ele mesmo declarou onde estava. Isso facilitou o trabalho da Interpol."

Procurado, o Ministério de Justiça e Segurança Pública condicionou o prazo da extradição à legislação nos Emirados Árabes, onde Brennand foi preso. "Um eventual pedido de extradição em casos como este tem início com um pedido do Poder Judiciário brasileiro, sendo processado em seguida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública", explicou o órgão em nota.

Quais os crimes envolvidos? O empresário pernambucano foi denunciado por lesão corporal e corrupção de menores —devido ao envolvimento do próprio filho no episódio, que teria sido incentivado a ofender a modelo agredida por ele na academia.

Nova denúncia por estupro, cárcere privado e tortura. Após a sua captura, o Ministério Público de São Paulo ofereceu nova denúncia contra o empresário pelos crimes de estupro, cárcere privado e tortura pelo caso envolvendo uma mulher obrigada a tatuar as iniciais do empresário enquanto estava em uma casa dele em Porto Feliz, a 118 quilômetros da capital paulista. Brennand já virou réu neste caso.

Segundo o MP, todos os crimes foram cometidos contra a mesma mulher, que não teve a identidade revelada. O UOL Notícias entrou em contato com a defesa de Thiago Brennand, que informou que não vai se manifestar.

Tatuador também foi denunciado. O tatuador, que colocou as iniciais de Brennand na vítima a pedido do próprio empresário, também foi denunciado pelos crimes de tortura e lesão corporal gravíssima. Contudo, ainda não há pedido de prisão contra ele.

Mulher denuncia Thiago Brennand e diz que foi obrigada a fazer tatuagem - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Mulher denuncia Thiago Brennand e diz que foi obrigada a fazer tatuagem
Imagem: Reprodução/TV Globo

"Você agora é propriedade minha." A vítima disse que tinha iniciado um relacionamento pelas redes sociais com o empresário e decidiu viajar para encontrá-lo em São Paulo. A mulher disse que teve um início "ótimo", mas passou por momentos de terror na mansão do empresário após negar acesso ao celular dela.

Ela ainda contou que eles teriam ido até São Paulo para jantar e acabaram em um estúdio de tatuagem, onde ela foi obrigada a fazer uma tatuagem com as iniciais de Thiago, que teria dito: "você agora é propriedade minha."

Como está a situação de Brennand. O empresário deixou o Brasil no dia 4 de setembro. A expectativa era de que retornasse no dia 18 de outubro. A juíza Erika Soares de Azevedo Mascarenhas, em resposta à denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo, determinou no dia 9 de setembro que Brennand retornasse ao Brasil no prazo de 10 dias.

Até então, ele era considerado foragido da Justiça. Após a descumprir a ordem, a Justiça decretou prisão preventiva no dia 27 de setembro.

Como o caso veio à tona. As acusações vieram à tona após o empresário agredir uma modelo em uma academia de luxo em São Paulo. Com a repercussão do caso, outras vítimas relataram crimes estupro e lesão corporal. Brennand ainda tem medida protetiva da própria família.

O que disse a modelo agredida. Ao UOL Notícias, a modelo agredida contou que ele bateu com as duas mãos em seu tórax, a empurrou com força, puxou chumaços de seus cabelos e depois cuspiu em seu rosto. O filho do empresário, que treinava com o pai, passou a xingá-la também e a ameaçar quem se aproximasse para ajudar. No boletim de ocorrência registrado na polícia, testemunhas confirmaram a agressão relatada pela modelo.

Outras vítimas. Após o episódio, duas mulheres afirmaram à TV Globo, que Thiago passou a persegui-las ou ameaçá-las por rejeitarem investidas dele. O advogado da época, Paulo Amador Thomaz da Cunha Bueno, disse que apenas "pessoas maldosas" acreditariam que o empresário seria uma pessoa que se frustraria a não ser correspondido em flertes.

Durante a investigação sobre o caso da modelo agredida, outras supostas vítimas do empresário começaram a contar suas histórias. A TV Globo apresentou depoimentos de mulheres, familiares e funcionários de estabelecimentos frequentados por ele no dia 4 de setembro, quase um mês após a agressão contra a modelo na academia de São Paulo.