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MP denuncia empresário Thiago Brennand pela quarta vez

Empresário Thiago Brennand foi denunciado pela quarta vez - thiagobrennandfv/Instagram
Empresário Thiago Brennand foi denunciado pela quarta vez Imagem: thiagobrennandfv/Instagram

Do UOL, em São Paulo

21/10/2022 18h03

O empresário Thiago Brennand, investigado por uma série de crimes sexuais, foi denunciado pela quarta vez pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo). A nova denúncia foi feita por perseguição e ameaça à integridade física ou psicológica contra um funcionário idoso do Condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (SP), onde morava.

O empresário já é réu em outras três ações. Uma é sobre lesão corporal no episódio de agressão a uma modelo em uma academia de luxo em São Paulo. Ele também responde por estupro, cárcere privado e tortura pelo caso envolvendo uma mulher obrigada a tatuar as suas iniciais. A terceira é por uma agressão a um funcionário de um hotel no condomínio.

Preso em 13 de outubro nos Emirados Árabes pela Polícia Federal, ele pagou fiança e foi solto no dia seguinte ao apresentar endereço fixo e receber a informação de que não pode se ausentar do país. Brennand está hospedado em um hotel de luxo em Abu Dhabi, com diárias que podem chegar a R$ 22 mil.

Nos Emirados Árabes há mais de um mês, Brennand chegou a ser considerado foragido pela Justiça. Segundo o Ministério Público e a Polícia Civil de São Paulo, há ao menos 15 vítimas identificadas. Procurado pelo UOL Notícias, o escritório de advocacia responsável pela defesa dele disse que não irá se manifestar sobre o caso.

O que traz a nova denúncia? Uma testemunha, tenente-coronel aposentado da Polícia Militar, afirmou ao MP que era segurança na Fazenda Boa Vista quando viu uma discussão entre Brennand e um funcionário em 25 de julho de 2022. A discussão, com palavrões ditos pelo empresário, virou um "empurra-empurra" e ele ameaçou bater no funcionário.

A testemunha disse, em depoimento, que "a situação foi lamentável e que, em 30 anos de Polícia Militar, foi uma das cenas que mais lhe chocou, pelo tamanho desprezo que Brennand revelou ter a outra pessoa".

Segundo a testemunha, Brennand teria dito ao funcionário: "olha pra você seu velho! Só não te quebro aqui porque você está no lugar errado! Olha o tamanho da sua barriga, seu velho safado, nem vê o próprio pinto quando toma banho, seu vagabundo [sic]".

Além dos insultos e ameaça, disse o MP na denúncia. Brennand empurrou a vítima por duas vezes e deu um tapa na cabeça do funcionário.

Quando o empresário pode ser extraditado? A delegada Ivalda Aleixo, da Divisão de Capturas da Polícia Civil de São Paulo, agora prevê um prazo de ao menos seis meses para que o processo de extradição de Brennand seja julgado nos Emirados Árabes. Inicialmente, antes das novas denúncias e da soltura após pagamento de fiança, a previsão era de ao menos 40 dias.

"Antes, era só um mandado de prisão por agressão. Agora, ele também vai responder por estupro, coação e tortura. E vai ter que passar por audiência e sentença no processo de extradição nos Emirados Árabes. Com otimismo, a previsão é de que isso leve até seis meses para acontecer", disse a delegada em entrevista ao UOL Notícias, com base em consultas feitas com advogados especializados em Direito Internacional.

Entenda o caso Brennand

agressao - TV Globo/Reprodução - TV Globo/Reprodução
Agressão foi registrada no dia 3 de agosto em academia de luxo de São Paulo
Imagem: TV Globo/Reprodução

O início. Câmeras de segurança de uma academia de luxo na cidade de São Paulo flagraram o momento em que uma modelo foi agredida pelo empresário durante um treino na noite do dia 3 de agosto. Segundo ela, Brennand estava "alterado" e teria pedido para que ela saísse do local, ainda que o estabelecimento estivesse vazio.

Ao UOL Notícias, a vítima contou que o empresário bateu com as duas mãos em seu tórax, a empurrou com força, puxou chumaços de seus cabelos e depois cuspiu em seu rosto. O filho do empresário, que treinava com o pai, passou a xingá-la também e a ameaçar quem se aproximasse para ajudar. No boletim de ocorrência registrado na polícia, testemunhas confirmaram a agressão relatada pela modelo.

Conquistador. A vítima disse que teria sido orientada por outras mulheres que treinam na academia para se manter afastada do empresário que, segundo elas, "não aceitava o 'não'" como resposta às suas investidas como "conquistador".

Após o episódio, duas mulheres afirmaram à TV Globo que Brennand passou a persegui-las ou ameaçá-las após elas rejeitarem investidas dele.

O advogado da época, Paulo Amador Thomaz da Cunha Bueno, disse que apenas "pessoas maldosas" acreditariam que o empresário seria uma pessoa que se frustraria a não ser correspondido em flertes.

A academia Bodytech rompeu contrato com o suspeito logo após o episódio. Ao todo, oito testemunhas se prontificaram a depor a favor de Helena e a Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar Thiago por lesão corporal e injúria.

tatuagem - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Mulher denuncia Thiago Brennand e diz que foi obrigada a fazer tatuagem
Imagem: Reprodução/TV Globo

Denúncias de estupro e cárcere privado. Uma mulher, que não quis mostrar o rosto, disse ter sido vítima de cárcere privado, agressões e estupro na casa de Brennand. Os dois tinham iniciado um relacionamento pelas redes sociais e ela decidiu viajar para encontrá-lo em São Paulo. A mulher disse que passou por momentos de terror na mansão do empresário após negar acesso ao celular dela.

Segundo ela, as agressões continuaram até que ele a teria estuprado. O caso chegou a ser denunciado à polícia pelo irmão dela, mas ela conta que, sob ameaça, teria desmentido a história em depoimento. Ainda conforme o relato, o empresário também divulgou imagens íntimas dos dois para diversos grupos na internet.

A mulher ainda contou que eles teriam ido até São Paulo para jantar, e acabaram em um estúdio de tatuagem, onde ela foi obrigada a fazer uma tatuagem com as iniciais do empresário, que teria dito: "você agora é propriedade minha."

A investigação policial foi arquivada por falta de provas e o caso foi encerrado em junho deste ano. No relatório, a delegada responsável pelo caso disse que Thiago não tinha antecedentes e que nunca foi alvo de processo por uso de armas de fogo, apesar de ter uma coleção delas. A responsável pelo inquérito também questionou a conduta da vítima.