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Flordelis foi 'mãe', 'sogra' e esposa de Anderson; entenda relações

Pastor Anderson do Carmo de Souza e deputada federal Flordelis (PSD-RJ) - Reprodução/Facebook
Pastor Anderson do Carmo de Souza e deputada federal Flordelis (PSD-RJ) Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL, no Rio

04/11/2022 04h00

Denunciada como mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, a ex-deputada federal e cantora gospel Flordelis (PSD-RJ), 61 anos, chegou a ser mãe de criação e "sogra" dele antes de se casarem. As relações familiares do clã, que reunia 55 filhos (51 deles adotivos), foram investigadas e, segundo a Polícia Civil do Rio, estão por trás do assassinato. A história da ex-deputada é contada agora em documentário do Globoplay.

Quando era adolescente, nos anos 90, Anderson começou a frequentar a casa em que Flordelis morava na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio. À época, conviveu com os três filhos biológicos do primeiro casamento dela e outras quatro crianças adotadas —segundo a polícia, de forma ilegal (sem autorização da Justiça).

A partir desse convívio, Anderson logo passou à condição de filho de criação de Flordelis e, mais tarde, assumiu a posição de genro da futura parlamentar. Isso porque Anderson namorou Simone dos Santos Rodrigues —filha biológica do primeiro casamento de Flordelis.

Posteriormente, Flordelis e Anderson engataram um relacionamento e, em seguida, um casamento que durou até o assassinato dele no ano passado. O pastor era uma espécie de gerente da família —além do dinheiro, administrava as relações do clã. Ao lado de Flordelis, Anderson se tornou pastor.

O casal dizia ter 55 filhos —três do primeiro casamento de Flordelis; outro, fruto da segunda união, e mais 51 adotivos.

Anderson do Carmos e Flordelis - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Anderson do Carmos e Flordelis
Imagem: Reprodução/Facebook

Família dividida: grupo de filhos tinha regalias

Sob os holofotes, Flordelis e Anderson cultivavam a imagem de um casal cristão e caridoso. No entanto, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio revelaram controvérsias entre o discurso e a vida da numerosa família.

Segundo o delegado Allan Duarte, as investigações mostraram que os filhos eram tratados de formas diferentes. Os privilegiados eram chamados de "primeira geração" —neste grupo, estavam incluídos os filhos biológicos e mais quatro filhos adotivos que contavam com regalias na casa.

"No cômodo que ela dormia, havia uma despensa e uma geladeira própria com produtos absolutamente diferentes com que havia no restante da casa. Ela privilegiava uns [filhos] em detrimentos de outros, e o pastor atuava como fiel da balança para restabelecer o equilíbrio entre todos. Isso também gerava a ira da deputada", afirmou o investigador.

Para a Polícia Civil e o MP, o assassinato do pastor ocorreu em decorrência da insatisfação de Flordelis com a forma como Anderson levava a vida e geria os recursos da família obtidos com a carreira artística dela, o cargo de deputada federal e os recursos oriundos da administração de igrejas.

Ao longo das investigações, a gente observa que a vítima era gestor da família, o cabeça da família. Ele [Anderson] geria a carreira política, religiosa e artística da deputada. Todo lucro que essa família auferia, seja em shows, cultos, era ele que fazia a gestão, era a pessoa que também solucionava conflitos intrafamiliares

Allan Duarte, delegado

"Essa gestão financeira e essa forma rigorosa de solucionar os conflitos geraram revolta na primeira geração da família, que foi presa. Arquitetaram esse plano tendo em vista essa indignação com a gestão financeira", explicou o delegado.

Flordelis adotou 37 crianças de uma só vez, após uma chacina na Central do Brasil, no Rio - Celia Viana / Câmara - Celia Viana / Câmara
Flordelis na Câmara dos Deputados em Brasília
Imagem: Celia Viana / Câmara