Filha de Flordelis diz ter flagrado irmã pondo substância em suco de pastor
Questionada sobre a prática de colocar substâncias nos alimentos consumidos pelo pastor Anderson do Carmo, Marzy Teixeira da Silva, filha afetiva da pastora e ex-deputada federal Flordelis, teria demonstrado não se importar com consequências de seus atos para realizar os desígnios dela, segundo afirmou uma testemunha no terceiro dia de julgamento.
Daiane Freires, também filha afetiva de Flordelis, contou em depoimento no julgamento que viu a irmã de criação colocando um pó em um suco que seria consumido por Anderson, marido da ex-deputada. Então decidiu questioná-la.
"Eu falei para ela: 'O dia que o Niel [nome dado por Flordelis a Anderson] pegar isso vai ter morte nessa casa'. E ela respondeu: 'Pela minha mãe Flor eu vou presa'".
De acordo com as investigações, antes de Anderson do Carmo ser assassinado a tiros na casa da família, em Niterói, Flordelis e parte de seus filhos —biológicos e afetivos— tentaram diversas vezes envenená-lo por meio de alimentos.
A quebra de sigilo telemático de Marzy revelou que ela pesquisou termos ligados à tentativa de envenenamento, como "cianeto de cobre [um poderoso veneno]" e "Veneno para matar pessoa que seja letal e fácil de comprar".
Daiane é a nona testemunha de acusação a depor no julgamento de Flordelis, iniciado na segunda-feira. Também serão julgados sua filha biológica Simone dos Santos Rodrigues; a neta Rayane dos Santos Oliveira; e os filhos afetivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva.
A ex-deputada é ré por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, associação criminosa, uso de documento falso e falsidade ideológica. Marzy, Simone e André Luiz responderão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada; e Rayane, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.
'Decepção muito grande'. Daiane se emocionou ao lembrar da última conversa que teve com alguns dos membros da família, entre eles André, na tesouraria da igreja de Flordelis, após a morte de Anderson do Carmo.
"Falei: 'Gente, se a mãe estiver envolvida eu não tenho mais coragem de ficar com vocês'. E lembro que o André falou assim: 'Mesmo se minha mãe estiver envolvida eu fico com ela até o final'", relatou.
Nesse momento a testemunha começou a chorar: "Aí eu falei: 'Eu não sou ingrata, tenho muito carinho e respeito pela minha mãe. Mas eu não consigo fingir que nada aconteceu. Não é ingratidão falar a verdade'", contou.
Ainda aos prantos, Daiane disse ter se decepcionado com Flordelis e com os irmãos. "Foi isso que ela [Flordelis] me ensinou: ser verdadeira, ser honesta. E ver que minha família estava indo contra tudo isso foi uma decepção muito grande". Nesse momento, tanto Flordelis, quanto André choraram no banco dos réus.
Quem já foi ouvido no julgamento? Segunda (7), foram ouvidos os delegados Bárbara Lomba e Allan Duarte —responsáveis pela investigação do homicídio— e a comerciante Regiane Ramos Cupti Rabello, que empregou e cuidou de Lucas, um dos filhos de Flordelis envolvidos no crime.
Ontem, falou primeiro o policial civil Tiago Vaz de Souza. Em seguida, foi iniciado o depoimento de Alexsander Felipe Matos Mendes, o Luan, filho afetivo de Flordelis. Ex-vereador e filho afetivo Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, também foi ouvido — ele disse, em depoimento, que o pastor Anderson do Carmo sabia de um plano para assassiná-lo.
O que está em julgamento?
Começou segunda (7) o julgamento de Flordelis pela acusação de ter arquitetado o assassinato de seu marido Anderson do Carmo, morto em 16 de junho de 2019, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Outras quatro pessoas acusadas de envolvimento no crime também são julgadas. Ela terá seu destino decidido por um júri popular.
Além de Flordelis, são julgados sua filha biológica Simone dos Santos Rodrigues; a neta Rayane dos Santos Oliveira; e os filhos afetivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva.
O pastor Anderson do Carmo foi assassinado com dezenas de tiros quando descia do carro, no quintal de casa, no bairro de Pendotiba, em Niterói. Flordelis tinha entrado em casa momentos antes.
A ex-deputada --cassada em razão do envolvimento no caso-- é ré por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, associação criminosa, uso de documento falso e falsidade ideológica.
Já Marzy, Simone e André Luiz responderão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada; e Rayane, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.
Cassação e prisão. Flordelis está presa desde 13 de agosto de 2021. Dois dias antes, Flordelis havia perdido o foro privilegiado ao ter o mandato de deputada federal cassado por 437 favoráveis, 7 contrários e 12 abstenções.
O que diz Flordelis? Durante todo o processo, Flordelis negou ter qualquer ligação com a morte do marido. Em live realizada por ela horas antes de ser presa, a pastora e ex-deputada reafirmou sua inocência: "Caso eu saia daqui hoje, saio de cabeça erguida porque sei que sou inocente. Todos saberão que sou inocente, a minha inocência será provada e vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada".
Os demais acusados também dizem que são inocentes.
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