'Nós não estamos sozinhos': ato em escolas atacadas no ES tem velas e reza
Um grupo com mais de 200 pessoas participou hoje à noite de uma caminhada entre as escolas atacadas por um atirador de 16 anos em Aracruz (ES). O atentado deixou quatro pessoas mortas e outras 12 feridas. A morte da quarta vítima foi confirmada hoje à tarde pela Secretaria de Saúde do Espírito Santo.
Com velas nas mãos, os manifestantes fizeram orações em homenagem às vítimas da tragédia em frente às unidades de ensino e durante o trajeto de cerca de um quilômetro.
A mobilização começou em frente à Escola Estadual Primo Bitti, no bairro Coqueiral, onde o atirador matou três professoras. E foi até o Centro Educacional Praia de Coqueiral, onde matou uma menina de 12 anos.
Abraços, lembranças e homenagens. Na frente do portão da Primo Bitti, moradores se abraçavam e prestavam as suas homenagens. Ali, havia flores, cartazes de luto com pedidos por "justiça" e velas acesas. O mesmo cenário encontrado na outra escola, onde alunos chegaram a se abraçar nas grades da instituição, com o olhar fixo para um dos palcos da tragédia.
Por um período de cinco minutos, os manifestantes fizeram orações em silêncio, de mãos dadas. Em seguida, rezaram, se abraçaram e deram início à caminhada. Na frente, havia quatro crianças carregando velas acesas nas mãos. Em meio aos manifestantes, havia dor, choro e lembranças.
"Vi minhas colegas ensanguentadas." A professora Ana Paula Coutinho, 53, uma das sobreviventes do ataque à escola Primo Bitti, era consolada por colegas e alunos. Com a voz agitada, contava o que viu e viveu.
"Quando ouvi o primeiro tiro, só consegui me jogar no chão e sair dali. Mas os outros ficaram sem reação. Depois, voltei a ver as minhas colegas ensanguentadas no chão. Não dormi. Passei a noite pensando nelas."
"Aqui sempre foi um lugar tranquilo." Uma menina de 13 anos deixou flores e se emocionou ao lembrar da amiga ferida por um tiro na cabeça, que está internada em estado grave.
Uma mulher comentou com uma amiga sobre uma criança de 3 anos perguntando pela mãe, que passou a noite com o filho hospitalizado na UTI após ser atingido pelos tiros.
"Aqui, sempre foi um lugar tranquilo, sem violência. A gente deixa até a porta aberta. Aí, acontece uma tragédia dessas", disse a professora Ana Cristina Araújo, 46.
Ela é irmã de Guilhermina Borges de Araújo, 55, que também foi criada próximo às escolas, de onde sempre guardou boas lembranças. Até que houve o atentado. Ela enfrentou hoje uma viagem de sete horas de ônibus de Nova Friburgo (RJ), onde mora, só para prestar solidariedade aos parentes que ainda moram lá.
A líder comunitária Sueli dos Reis Abrantes, 65, levava nas mãos um cartaz onde se lia: "Menos armas, menos ódio. Mais educação e amor." E foi dela uma das vozes que encerrou o ato. "Armas resultam em tragédias. Há aqui muita solidariedade. É importante lembrar que nós não estamos sozinhos."
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