Presa por dopar e roubar homem em motel teve falsa morte anunciada pela mãe

A mulher de 24 anos presa em Magé, na Baixada Fluminense do Rio, suspeita de dopar e roubar um homem em um motel, responde a outros 13 processos, quase todos por furto ou estelionato e é denunciada por pessoas com quem tinha amizade no passado. Raquel de Melo Pereira chegou a ter a morte anunciada nas redes sociais pelo perfil da mãe dela, em maio deste ano.

Quando confrontada por uma das supostas vítimas, ouvida pelo UOL, sobre a "necessidade" de aplicar golpes e praticar pequenos furtos, ela teria escrito: "Sinceramente, tem vezes [em] que sinto prazer". Cópia do diálogo que teria sido trocado entre a jovem e o "ex-amigo" foi cedida à reportagem.

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Raquel de Melo foi presa em flagrante, na segunda-feira (12), e teve a prisão convertida em preventiva dois dias depois. Segundo o registro policial feito pela vítima mais recente, ela teria dopado o homem antes de fazer uma transferência via pix a partir do celular dele e passar, por aproximação, R$ 1.520 no cartão de crédito da vítima em uma maquininha que ela carregava consigo — ao menos uma testemunha ouvida pela reportagem relatou que a jovem usava máquina própria nas investidas.

Pessoas que já se consideraram amigas de Raquel afirmaram que a jovem chegou a ser ameaçada de morte devido a golpes na região. Uma postagem publicada no mês de maio no perfil da mãe da garota, Vania Melo, chegou a comunicar a morte da jovem, supostamente em um acidente de trânsito.

"Com muito pesar venho comunicar o falecimento da minha filha Raquel Melo. Ela veio a sofrer um acidente de moto no dia 12 de maio na serra de Teresópolis", diz a mensagem.

Procurada, Vania preferiu não se pronunciar sobre o episódio.

Segundo o advogado de Raquel, Erlande Nunes, a jovem nega ser a autora da publicação, agora deletada, no perfil do Facebook da mãe. Sobre a prisão de Raquel e a acusação de que teria dopado e furtado um homem no motel, Nunes disse à reportagem que ainda está analisando o processo para se inteirar do caso, e que sua cliente reservou-se a falar apenas no momento oportuno.

Prazer em furtar

Amigo de Raquel desde 2017, Gabriel Lima, 30, diz que se afastou dela após perceber que uma quantia em dinheiro havia sumido da carteira, à qual a jovem teve acesso. Ele alega que, em conversas no Whatsapp, ela teria confessado sentir "prazer" ao subtrair pertences de terceiros.

"Eu chamei ela para conversar, confrontar. No início ela ficou negando, mas depois ela assumiu que tinha pegado meu dinheiro, falou que tinha problema e que sentia prazer em fazer esse tipo de coisa", conta Gabriel, que relatou ter se afastado de Raquel em abril deste ano, após ter R$ 100 furtados.

Formada em educação física e estudante de nutrição, Raquel chegou a fazer estágio e trabalhar em academias da região, mas por pouco tempo. Em dois episódios ouvidos pela reportagem, os ex-patrões de Raquel contam que ela foi demitida sob suspeita de furtos a alunos e funcionários.

Jaqueline Nogueira, disse ao UOL que há dois meses contratou Raquel para trabalhar em seu estúdio, Jack Personal. No segundo dia de trabalho, a mulher foi demitida:

Ela tinha acabado de ser contratada, entrou em uma salinha com uma máquina de cartão de crédito que ela sempre andava e furtou uma outra funcionária minha através de aproximação do cartão de crédito.

A vítima foi uma estagiária, Suelen Angelo, que relatou ter sido furtada em R$ 150. As duas denunciaram Raquel por meio de um registro de ocorrência online. Não obtivemos informação do quanto a Polícia Civil do Rio de Janeiro avançou nesta investigação.

Relembre o caso

Raquel responde a 13 processos, sendo 10 furtos, dois estelionatos e uma injúria. O homem que fez com que ela fosse presa informou que foi furtado após passar a noite com a personal. Ela fez uma transferência via pix no valor de R$ 308 e compras no cartão de crédito que somam R$ 1.520.

Em depoimento, a vítima contou que conheceu Raquel em um aplicativo de relacionamento no domingo (11) e eles marcaram um encontro para a noite do mesmo dia.

Os dois foram a uma casa de shows e decidiram, de madrugada, ir para um motel. Raquel teria pedido o telefone emprestado para ligar para a mãe, com a desculpa de que o seu estaria desligado. O rapaz alega ter colocado a senha do telefone e que pegou no sono, enquanto ela simulava estar em uma ligação.

Ele teria acordado às 4h40, visto a mulher mexendo em seu aparelho e estranhado o fato do cartão dele estar bloqueado quando tentou pagar o motel, na hora de ir embora. O homem relata ainda que, ao dizer que acionaria a polícia, Raquel ficou nervosa e agressiva e chegou a gritar que estaria sendo sequestrada, até ele ter parado o carro em um posto de combustíveis e ela ter fugido com auxílio de um carro de aplicativo.

A polícia encontrou Raquel na segunda-feira. Presa, ela preferiu manter o silêncio. Ela teve a prisão em flagrante convertida em preventiva na quarta-feira (14) e permanece à disposição da Justiça.