Topo

Empresa propõe bancar prejuízo de formatura de medicina, diz Procon

Alicia Müller deixa a delegacia em uma viatura após confessar ter perdido dinheiro da formatura - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Alicia Müller deixa a delegacia em uma viatura após confessar ter perdido dinheiro da formatura Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

Do UOL, em São Paulo

23/01/2023 18h48Atualizada em 24/01/2023 07h32

O chefe de gabinete do Procon-SP, Guilherme Farid, disse que a Ás Eventos vai propor pagar os prejuízos da festa de formatura dos alunos de medicina da USP (Universidade de São Paulo). A estudante Alicia Müller confessou na semana passada ter desviado R$ 937 mil que seriam utilizados para pagamento do evento—ao todo, a festa custaria R$ 1,8 milhão.

"A empresa se propôs a entrar em contato com todos os estudantes oferecendo essa proposta. A maior parte do valor está relacionada a infraestrutura física e eles [Ás Eventos] disseram que iriam absorver os valores com seus fornecedores parceiros", disse Farid.

A empresa prestou esclarecimentos ao Procon nesta segunda-feira (23) após ser notificada pelo órgão.

Procurada pela reportagem, a empresa informou que não iria comentar. Segundo o UOL apurou, a empresa deve oferecer maneiras de ressarcir o prejuízo —não necessariamente pagando o valor desviado por Alícia

Em nota conjunta com a comissão de formatura, divulgada na semana passada, afirmam que as partes buscam "entendimento comum quanto aos próximos passos, ainda que tenham divergências quanto à interpretação contratual".

Segundo o chefe de gabinete, o contrato da empresa com a associação foi mal elaborado e perdeu sua validade jurídica. Isso porque a comissão de formatura deveria ter criado uma associação para representá-la, além de abrir uma conta bancária para pessoa jurídica.

"O contrato, quando tem uma parte nula, ele deixa de ter validade jurídica", disse Farid. A Ás Eventos foi contratada para arrecadar o dinheiro da festa e ter a exclusividade de fotografar o evento, marcado para janeiro do ano que vem.

Você tinha uma festa que era paga por 130 alunos e quem deliberava sobre o destino do dinheiro eram 20 formandos. Essa deliberação se dava em grupos de Whatsapp, uma gestão muito informal e essa informalidade colocou os consumidores em situação de desvantagem, como essa situação do desvio."
Guilherme Farid, chefe de gabinete do Procon

Investigações seguem

A polícia já ouviu a estudante, que confessou ter desviado o dinheiro, e outras pessoas devem ser ouvidas ainda nesta semana. Reportagem do UOL contou que a comissão de formatura sabia que o dinheiro havia sido transferido para conta da Alicia.

Alicia realizou nove transferências para três contas pessoais, diz a polícia. Os maiores valores foram:

  • Novembro de 2021: R$ 604 mil;
  • Junho de 2022: R$ 144 mil;
  • Agosto 2022: R$ 60 mil;
  • Novembro de 2022: R$ 27 mil.

Alicia passou a usar as quantias em proveito próprio, "tendo uma vida incompatível com a renda que tinha", segundo a delegada do caso, Zuleika Gonzalez. A estudante comprou um Ipad Pro de R$ 6 mil, alugou um apartamento por R$ 3,7 mil, além de um carro por R$ 2 mil.