Boate Kiss: Polícia investiga golpes contra sobreviventes e familiares
A Polícia Civil de Santa Maria (RS) está investigando supostos criminosos que estão tentando aplicar golpes em familiares de vítimas e sobreviventes do incêndio na Boate Kiss - que completou 10 anos na semana passada. Os golpistas se passam por funcionários de um advogado que representa algumas famílias.
Nas mensagens, eles trazem dados pessoais das vítimas, dizem que ações na Justiça liberaram indenizações que variam de R$ 70 mil a R$ 500 mil. No entanto, para que os valores sejam liberados, pediam transferências bancárias alegando pendências fiscais. Para convencer as vítimas, os golpistas criaram até um falso documento da Receita Federal.
O advogado Luís Fernando Smaniotto disse que cerca de 10 pessoas teriam recebido contato dos estelionatários e, ao menos uma delas, caiu no golpe e depositou cerca de R$ 3,7 mil aos golpistas, em uma conta que dizia ser do escritório, mas não é. Ele registrou um boletim de ocorrência.
Conforme Smaniotto, as ligações e mensagens começaram justamente no dia 27 de janeiro, data que marca uma década da tragédia. O incêndio na boate Kiss matou 242 e deixou mais de 600 feridos. Até hoje, o caso segue sem nenhuma pessoa responsabilizada.
De todas as ações patrocinadas por mim, não existe nenhuma ação com trânsito em Julgado. Não existe, ainda, valores a receber. Não existe, ainda, sentença positiva ou negativa, procedente ou improcedente, que dará ou não direito a recebimento de valores indenizatórios sobre a tragédia. Então, gente, fica o alerta. E pedimos que desconsiderem totalmente essas situações
Luís Fernando Smaniotto, advogado de vítimas e familiares
A Polícia Civil de Santa Maria informou que ao menos três casos já foram registrados, e que um inquérito policial foi instaurado. O delegado regional substituto Marcelo Mendes Arigony disse que este tipo de golpe é comum, e que neste caso "aproveitaram que as pessoas estão fragilizadas". A expectativa é que outros casos sejam incluídos nas investigações na semana que vem.
Julgamento anulado
No fim de 2021, quatro pessoas chegaram a ser condenadas, mas o julgamento considerado o mais longo da história do Rio Grande do Sul teve a sentença anulada pelo Tribunal de Justiça do Estado em agosto de 2022. Agora, o caso aguarda uma nova análise da denúncia feita pela Promotoria.
Ao final do processo, foram condenados os quatro réus acusados do incêndio: os sócios Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão. Naquela ocasião, eles receberam penas que variavam de 18 a 22 anos de prisão.
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