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Empresária morta era agiota, e amiga suspeita fazia cobranças, diz polícia

Do UOL, em São Paulo

07/02/2023 04h00

A empresária Thais Rocha Secundino, 28, encontrada morta a facadas dentro do seu carro, era agiota e uma das suas melhores amigas, presa por suspeita de participação no crime, era responsável por fazer as cobranças dos empréstimos feitos pela vítima.

As informações foram repassadas pela delegada Ivalda Aleixo, 57, chefe do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.

Como mostrou o colunista do UOL Josmar Jozino, a Polícia Civil prendeu Cintia Peixe, 31, e Leandro Santos, 45, por suspeita de envolvimento no assassinato da empresária. O TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) decretou a prisão temporária da dupla. Leandro era motorista de Cintia.

"Thais e Cintia eram amigas há bastante tempo em outro tipo de trabalho que elas tinham. A Thais se deu bem financeiramente, chegou a informação que a família dela tem a condição financeira boa lá em Minas Gerais, e ela abriu essa adega e consta também que ela era sócia de uma boate. Então, ela deu emprego a Cintia, que era a responsável por fazer cobranças. No caso, a Thais havia partido para o lado da agiotagem."

"Ela [Thais] emprestava dinheiro a um valor cobrando juros, bastantes altos, e a Cintia ganhava uma comissão [para cobrar os devedores]. O Leandro ganhava um salário para ser o motorista da Cintia nessas cobranças que ela fazia semanalmente. Ele ganhava uma porcentagem que a Cintia pagava. Os dois vinham roubando a Thais, e ela descobriu. A dupla não tinha nenhum vínculo afetivo."
Delegada Ivalda Aleixo, chefe do DHPP

Para a polícia, o motivo do crime foi porque Thais decidiu tirar satisfações com a Cintia sobre esses supostos desvios que ela estaria fazendo com o dinheiro da agiotagem. Três dias antes do crime, a amiga deixou o apartamento que ela morava e se hospedou em um hotel para que a vítima não a encontrasse, segundo testemunhas.

Segundo Ivalda, a polícia aguarda o laudo da perícia, mas a "olho nu", Thais foi morta com ao menos 16 facadas, sendo 11 delas, nas costas, além do corte no pescoço. A polícia apura se a vítima foi morta dentro do carro, que estava a 1,2 km de distância da casa da amiga.

Cintia e Leandro teriam comparecido ao local do crime. A mulher teria chorado pela morte da amiga, clamado por justiça e quase desmaiou no local. A dupla ainda foi encontrada pela polícia no IML (Instituto Médico Legal) onde o corpo da vítima foi levado.

Namorado da vítima diz que ela descobriu que era enganada

O atual namorado de Thais, que não teve a identidade revelada, disse em depoimento que, antes de morrer, ela mandou um áudio falando que iria encontrar a Cintia porque a mulher não estava trabalhando há dois ou três dias, não estava no apartamento e não atendia as ligações.

A vítima afirmou ao parceiro que teria descoberto que Cintia estava desviando dinheiro do negócio dela. Thais entrou em contato com Leandro por saber se ele trabalhava com Cintia e queria saber o paradeiro dela.

À polícia, Cintia disse que perdeu o celular e, por isso, estava sem contato, mas não havia nenhum registro de furto ou roubo do aparelho. No caso de Leandro, ele repassou um endereço pessoal à polícia no dia da morte, porém, ele não morava naquele local. Essas e outras divergências no depoimento de ambos chamou a atenção da polícia.

Defesa de Cintia nega as acusações

De acordo com o advogado de Cintia, Vinicius Rodrigues, a defesa irá "provar" que a cliente não é autora do crime.

"Foram feitas diligências no apartamento da minha cliente, onde as imagens que vão ser trazidas ao DHPP vão provar que ela não tem qualquer relação com o caso. Ela e a vítima tinham relação de amizade, viajavam juntas, frequenta a casa da outra, mas não tem nada de briga, trabalham normalmente."

O advogado de Cintia disse ao UOL que irá ao DHPP na próxima quarta-feira e pedirá a revogação da prisão temporária da cliente. A defesa de Leandro não foi encontrada e nem está disponível nos dados do TJ-SP.

Thais foi enterrada em Belo Horizonte, cidade onde mora a família dela.