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MP do Rio define novos promotores do Caso Marielle Franco

Marielle Franco durante sessão na câmara do Rio - Arquivo/Câmara do Rio
Marielle Franco durante sessão na câmara do Rio Imagem: Arquivo/Câmara do Rio

Do UOL, no Rio

04/03/2023 17h28Atualizada em 05/03/2023 12h59

O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) definiu a nova composição da força-tarefa responsável por investigar a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados em março de 2018.

O procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, designou sete novos promotores para o grupo. Eles se juntarão a partir desta segunda-feira (6) ao coordenador da força-tarefa, Luciano Lessa.

Os novos integrantes são:

  • Eduardo Morais Martins;
  • Paulo Rabha de Mattos;
  • Patrícia Costa Santos;
  • Glaucia Rodrigues Torres de Oliveira Mello;
  • Pedro Eularino Teixeira Simão;
  • Mario Jessen Lavareda;
  • Tatiana Kaziris de Lima Augusto Pereira;

Os novos nomes foram publicados no Diário Oficial do MP-RJ ontem (3). A nomeação dos novos membros ocorre menos de duas semanas depois de o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), determinar que a Polícia Federal abrisse um inquérito para auxiliar as autoridades fluminenses na investigação do homicídio —até hoje os mandantes não foram identificados.

Dino chegou a ventilar a possibilidade de pedir a federalização da investigação, mas costurou uma saída alternativa com Luciano Mattos, chefe do MP do Rio, no último dia 15. Após a reunião, Dino oficializou a participação da PF, em caráter de colaboração com os promotores fluminenses, com a abertura do inquérito.

Passados quase cinco anos dos assassinatos, as investigações derrapam e convivem com seguidas mudanças de equipe. O MP-RJ denunciou o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz como os responsáveis pelas mortes. Eles serão julgados por um juri popular.

Os mandantes e a motivação da morte de Marielle, contudo, não foram revelados.

Mudanças de comando

A Polícia Civil já trocou cinco vezes os delegados responsáveis pelo caso na Delegacia de Homicídios da Capital. Já no MP, três equipes diferentes já se debruçaram sobre a investigação.

Boa parte do trabalho foi tocado pelas promotoras Simone Sibílio e Letícia Emile, responsáveis por denunciar os executores do crime. Sibilio assumiu as investigações quando era coordenadora do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado). Após mudanças internas no MP-RJ, ambas permaneceram no comando do caso após a criação da força-tarefa.

Elas decidiram abandonar a investigação em julho de 2021, afirmando que houve interferência externa na investigação —elas foram excluídas das negociações de delação premiada com Julia Lotufo, viúva do miliciano Adriano da Nóbrega, líder do Escritório do Crime.

Bruno Gangoni, que assumiu o comando do Gaeco após a saída de Sibílio, passou a coordenar as investigações. Contudo, ele abandonou o Gaeco em janeiro, em meio a uma crise institucional envolvendo a recondução de Luciano Mattos ao comando do MP-RJ.

Gangoni e outros 28 integrantes do Gaeco renunciaram aos cargos em protesto à manobra de Mattos para se manter no cargo. Ele ficou em segundo na lista tríplice da categoria e, contrariando um compromisso assumido anteriormente, negociou com o governador Cláudio Castro sua nomeação para um segundo mandato.

Mattos nega ter realizado manobra para ser reconduzido ao cargo e sustenta que sua nomeação obedeceu às normas da legislação que trata do tema, sendo essa escolha e a consequente nomeação prerrogativas exclusivas do governador.

Ao assumir o cargo, Mattos tomou uma série de medidas criticadas internamente no MP-RJ. Extinguiu o Gaecc (Grupo de Atuação Especializada e Combate à Corrupção), até então responsável pela investigação da rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), assim como de denúncias de corrupção de deputados da base de Cláudio Castro. Também acabou com o Gaesp (Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública), setor responsável pela investigação de crimes cometidos por policiais, mesmo diante da explosão de mortes cometidas pelas forças de segurança do Rio na gestão Witzel/Castro.