Condições de presos, mortes nas ruas: o que pode ter motivado ataques no RN
As restrições nos presídios e a intensificação dos confrontos contra as forças de segurança são apontadas como as possíveis motivações para a sequência de ataques entre a madrugada e o começo da tarde de hoje no Rio Grande do Norte.
Foram registradas ações em ao menos 15 cidades do estado, incluindo a capital Natal, com atentados contra bases da PM, órgãos públicos e veículos incendiados. Uma pessoa morreu e outras nove foram presas.
Mais cedo, o secretário da Segurança Pública, Francisco Canindé de Araújo Silva, afirmou que não tinha como precisar o motivo dos ataques, mas disse que poderiam ser uma resposta a ações das forças de segurança contra o tráfico nas últimas semanas em Natal.
Acreditamos que ações policiais anteriores, há uns 15 dias -- quando houve um enfrentamento a infratores e alguns vieram a óbito, e foi apreendida grande quantidade de drogas e armas -- inquietaram a delinquência e os levaram a enfrentar as forças de segurança
Francisco Canindé de Araújo Silva, secretário de Segurança Pública
Como foram as ações da polícia
- No dia 22 de fevereiro, a PM matou um integrante da facção criminosa em uma operação policial em um dos berços do Sindicato do Crime, facção criminosa apontada como envolvida aos ataques.
- Dois dias após a morte, como forma de retaliação, dois homens em uma moto jogaram uma bomba na sede do 1º Batalhão da PM.
- No dia 26 do mês passado, um homem foi preso suspeito de ordenar o ataque. No mesmo dia, outro suspeito foi morto em ação da PM, Uma pistola e R$ 156 mil foram apreendidos. Ele teria atirado na PM antes de ser baleado.
A partir daí, a facção teria iniciado um período de articulação em resposta não só aos episódios com a PM nas ruas, mas também para cobrar outra questão que aflige os detentos há cinco anos: a falta de direitos no sistema prisional.
Desde uma rebelião ocorrida em janeiro de 2017 no presídio de Alcaçuz, que deixou 27 mortes, o estado passou a adotar medidas mais rígidas nos presídios.
Situação dos presídios
O UOL apurou com três diferentes fontes ligadas às forças de segurança do estado que uma das principais hipóteses investigadas é a de que a motivação dos ataques está relacionada com restrições no sistema prisional.
A facção fez uma série de exigências por melhorias nos presídios. Em comunicado apócrifo atribuído à facção, as demandas incluiriam visitas íntimas aos internos, entrada de alimentos em dia de visita e mutirões de análise de casos para reduzir a superlotação
As autoridades precisam, urgentemente, cortar todas as regalias existentes no sistema [prisional]. E, de imediato, suspender a comunicação externa dos presos, inclusive, os atendimentos presenciais e os teleatendimentos
Vilma Batista, presidente do Sindicato dos Policiais Penais do RN
Ela alega que houve um afrouxamento das regras de comunicação após a pandemia com pessoas fora dos presídios, o que facilitou as ordens para crimes fora das celas.
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