Quem é Alicate, apontado como líder da facção que aterroriza o RN
José Kemps Pereira de Araújo, 45, conhecido como Alicate, é apontado pelas autoridades como o líder do Sindicato do Crime, facção criminosa por trás dos ataques coordenados que ocorrem no Rio Grande do Norte desde a madrugada de ontem.
Suspeito de ter sido o mentor intelectual dos atentados, ele foi transferido ontem à noite do presídio de Alcaçuz (RN) para um presídio federal, para onde são levados detentos de alta periculosidade.
Força-tarefa para captura. Em janeiro deste ano, Alicate foi capturado por uma força-tarefa das forças de segurança em uma casa na cidade de Goiana, interior pernambucano. Na época, era apontado como o criminoso mais procurado do Rio Grande do Norte.
Ao chegar no presídio de Alcaçuz, reclamou das condições oferecidas aos detentos. Os ataques atuais ocorreram apenas dois meses depois da sua prisão. As restrições no sistema prisional e a intensificação dos confrontos com as forças de segurança são apontadas como as principais motivações para a sequência de ataques.
Segundo fontes ouvidas pelo UOL ligadas às forças de segurança, a decisão dos ataques foi tomada no pavilhão 5 do presídio de Alcaçuz, onde ficam os integrantes da cúpula da facção criminosa.
Confronto com a PM, prisão e ruptura com o PCC
Alicate foi preso em setembro de 2011, quando integrava uma quadrilha formada por cerca de dez pessoas. Após roubar um carro, o grupo foi seguido por testemunhas, que informaram o paradeiro dos suspeitos à polícia. Ao chegar ao local, em uma casa em Parnamirim (RN), os policiais militares foram recebidos a tiros, dando início a um confronto. Ninguém morreu.
Com os criminosos, os agentes apreenderam uma espingarda, três revólveres, munições, dois coletes à prova de balas da PM e explosivos. O grupo de Alicate era especializado em ataques a caixas eletrônicos, segundo a polícia.
Facção surgiu um ano e meio após prisão de Alicate. O Sindicato do Crime surgiu em março de 2013, um ano e meio após a prisão de Alicate, apontado como um dos fundadores da facção. O grupo é uma dissidência de criminosos do PCC, que decidiram romper com a facção paulista por não concordar com repasses de dinheiro para São Paulo.
De lá para cá, o Sindicato passou a usar táticas terroristas no enfrentamento ao Estado e na guerra contra o PCC pelo domínio do tráfico de drogas. O ápice da disputa entre o PCC e a facção liderada por Alicate ocorreu dentro do sistema prisional em janeiro de 2017, resultando no assassinato de 26 membros da facção nordestina no presídio de Alcaçuz.
Foi justamente após levar a pior na guerra dentro do sistema prisional que o Sindicato se aliou ao CV (Comando Vermelho), facção criminosa carioca, e intensificou o enfrentamento nas ruas contra o PCC.
Como "Alicate" virou o inimigo nº 1 do RN
Em maio de 2022, o líder da facção criminosa que domina o tráfico de drogas no Rio Grande do Norte passou a cumprir pena no regime semiaberto, quando um interno recebe o direito de deixar a unidade prisional durante o dia para trabalhar. Na ocasião, passou a ser monitorado por uma tornozeleira eletrônica.
No mesmo dia, Alicate rompeu o equipamento e passou a ser apontado como o criminoso mais procurado do Rio Grande do Norte. Segundo o Ministério Público, ele então passou a manter contato com as outras lideranças da facção no sistema prisional com o auxílio de uma advogada condenada na última sexta-feira (10) pelo crime de organização criminosa.
Ela foi denunciada sob a acusação de exercer a função de "gravata", uma espécie de "mensageira do crime" por suspeita de repassar ordens de internos para integrantes da facção nas ruas. Alicate ficou foragido até janeiro deste ano, quando foi preso novamente.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.