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Catraca livre e críticas a Tarcísio: o que está em jogo na greve do metrô

23.mar.2023 - Metroviários entram em greve e paralisam atividades em São Paulo por tempo indeterminado - Werther Santana/Estadão Conteúdo
23.mar.2023 - Metroviários entram em greve e paralisam atividades em São Paulo por tempo indeterminado Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

23/03/2023 15h23Atualizada em 23/03/2023 15h23

O metrô de São Paulo amanheceu paralisado na manhã de hoje. Servidores entraram em greve após alegar que demandas da categoria não foram atendidas pela companhia. Entre as reivindicações, está o abono salarial em relação aos anos trabalhados na pandemia.

O que pedem os metroviários:

  • Abertura de concurso público -- para contratações emergenciais
  • Fim das terceirizações e o restabelecimento do adicional de periculosidade em alguns cargos
  • Pagamento de abono salarial compensatório referente aos três anos trabalhados durante a pandemia

O que diz o Metrô:

'Pagou tudo o que era devido'. Em entrevista à TV Globo, o diretor de operações do Metrô de SP, Milton Gioia Junior, afirmou que os metroviários receberam tudo o que estava previsto em contrato.

O Metrô de SP pagou tudo o que era devido. Cumprimos o contrato de trabalho, pagamos reajuste de 20% face a uma inflação de 17%. O sindicato sabe disso, pagamos tudo." Milton Gioia Junior, diretor de operações do Metrô de SP.

'O abono é um plus'. Ainda, segundo ele, o metrô não tem condições financeiras de acatar uma das demandas dos servidores.

O abono é um plus, é uma reivindicação a mais, o Metrô no momento não tem condições financeiras para isso.

'Não há justificativa para greve'. Em nota, o Metrô disse que greve não é justificável e "só prejudica a população que depende do transporte público". Além disso, eles reafirmaram que pagamento do abono salarial não está "em acordo com a realidade econômica da companhia".

Enquanto a maioria das empresas demitiam ou diminuíam o salário, o Metrô aumentou os salários, mesmo com prejuízo causado pela pandemia. Nota do Metrô de São Paulo.

O que foi acordado:

Liberação das catracas. Mais cedo, o governo paulista, o Metrô e o sindicato haviam anunciado um acordo para a retomada da operação das linhas com catraca livre. A condição dada pela empresa era de que todos os funcionários voltassem ao trabalho.

Pressão que não prejudica população. Os metroviários apontam a catraca livre como forma de pressionar o governo sem causar danos ao transporte dos passageiros.

Retorno aos postos de trabalho. A presidente do sindicato convocou os metroviários a voltarem imediatamente aos postos de trabalho. "Estamos orientando a todos a voltarem neste momento para os seus postos de trabalho, de todas as áreas", disse Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários, em um vídeo publicado nas redes sociais.

Governo aceita e cita prejuízos para a companhia. A gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que aceitou liberar do pagamento de passagem para a retomada dos serviços do metrô, mas afirmou que a medida trará prejuízos à companhia.

A gratuidade do metrô deve dificultar "a saúde financeira da empresa", disse o governo em nota. O governo não divulgou uma estimativa do quanto deve perder sem a arrecadação das passagens.

'Todas as formas de negociação'. O Governo afirmou ainda que está tentando negociar com a categoria abordando temas como a "concessão de benefícios como o pagamento de progressões salariais". Além disso, salientou que "a empresa também cumpre integralmente com o acordo coletivo de trabalho e as leis trabalhistas."

Tarcísio é acusado de descumprir acordo

Justiça derruba catraca livre. A pedido do Metrô, a Justiça Trabalhista derrubou a liberação da entrada gratuita nas estações. Com a decisão, os metroviários acusaram o governador Tarcísio de não cumprir com acordo anterior.

O Metrô, porém, disse que, "diante da continuidade da paralisação" dos funcionários "mesmo com a liberação das catracas", decidiu acionar a Justiça Trabalhista.

Retorno ao trabalho. O Tribunal Regional do Trabalho também ordenou que os metroviários trabalhem com efetivo de 80% nos horários de pico (entre 6h e 10h e entre 16h e 20h) e de 60% nos demais horários.

Os metroviários afirmam que estavam em seus postos desde as 8h. "Não estão abrindo as estações agora por culpa do governador, que quer romper o acordo que fez com a população de abrir o metrô com a catraca livre", afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Metroviários, Narciso Soares.

O desembargador Ricardo Apostólico Silva também estipulou multa diária de R$ 500 mil em caso de descumprimento.

Greve continua

Em assembleia de emergência feita no início da tarde, o Sindicato dos Metroviários decidiu pela manutenção da paralisação iniciada hoje, mesmo após a decisão judicial.

Foram 81% de votos a favor e 16% contrários. No final da tarde, o sindicato terá, junto ao governo estadual, uma audiência de conciliação na Justiça do Trabalho. Ainda não há informações sobre quando a greve deve terminar.

Paralisação

  • As linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata estão paralisadas. O rodízio de veículos foi suspenso.
  • Funcionam normalmente as linhas 4-amarela e 5-lilás, operadas pela iniciativa privada.
  • As linhas de trens, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitano), também funcionam normalmente.