Professora usa guarda-chuva em sala com goteira: 'Era isso ou não dar aula'
Um vídeo que mostra uma professora usando um guarda-chuva para se proteger de uma goteira na sala de aula viralizou esta semana no Pará. O caso ocorreu na manhã da sexta-feira (17) em uma das salas da Escola Estadual de Ensino Integral Gaspar Viana, em Marabá (PA).
A professora é Edna Diniz, 52, que ministra a disciplina de física para alunos do segundo ano do ensino médio na escola, que funciona em um prédio alugado, no bairro de Nova Marabá. Ela conta que foi a única alternativa para não atrasar o conteúdo programático.
"Cheguei para dar aula e a sala estava inundada, os alunos tiveram que escorrer com o rodo, tinha água caindo em cima de mim, não tive alternativa. Era isso ou não dar aula. E foi o que fiz, peguei a sombrinha e fui ensinar", disse ela.
Segundo Edna, a unidade de ensino está funcionando no prédio alugado desde 2018, após a sede oficial ter perda total em um incêndio. O prédio é alugado e tem 12 salas, cada uma com 35 alunos, em média. Mas o local é improvisado e apresenta vários problemas estruturais.
"Nem é preciso cair uma chuva forte para alagar a sala. Qualquer chuva já molha tudo. Neste dia nem estava chovendo forte. Antes disso a água só escorria pelo quadro. Agora já cai em cima da gente".
Além das goteiras, a professora lista outros problemas do prédio. "Todo o prédio é problemático. Tem infiltrações nas paredes, não há janelas em algumas salas, nem ar condicionado. Não há um refeitório para que os alunos façam o lanche, nem local para o descanso dos estudantes", relata.
Devido a isso, a escola, que originalmente é de ensino integral, passou a funcionar apenas pelo horário da manhã, o que refletiu na evasão escolar na região.
"Esse prédio não foi construído para funcionar como escola, principalmente em tempo integral. É uma pena que uma escola com tradição de aprovação do Enem e que tinha mais de 1.200 alunos, hoje só tenha pouco mais de 300 por não ter condições de abrigá-los".
Ainda segundo a professora, as obras do prédio original da unidade de ensino começaram somente em 2020, dois anos depois do incêndio, e estão paradas há pelo menos seis meses.
"Eles só levantaram as paredes e deixaram lá. Perguntamos para os operários e disseram que está parada (a obra) por pelo menos seis meses", lamenta.
A professora diz que não esperava a repercussão do vídeo, mas que acredita que ele possa ajudar a mudar a realidade do local.
"Não achei que ia viralizar, nem fiz isso (usar o guarda-chuva) com esse intuito. Mas o que a gente quer enfatizar é a necessidade da construção da nova escola, pois a comunidade está sofrendo com isso".
Procurada pela reportagem, a Seduc disse que a escola passa por obras de reconstrução.
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