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Kano: este jovem cãozinho desmontou esquema de tráfico que intriga até a PF

Cão Kano, de 2 anos, farejou oito malas com cocaína no Aeroporto de Fortaleza - Italo Leite/Divulgação/PFCE
Cão Kano, de 2 anos, farejou oito malas com cocaína no Aeroporto de Fortaleza Imagem: Italo Leite/Divulgação/PFCE

Do UOL, em São Paulo

10/05/2023 13h54Atualizada em 11/05/2023 08h59

Oito pessoas foram presas no aeroporto de Fortaleza após serem flagradas tentando levar malas com cocaína até Portugal. Mas o responsável pela descoberta, que apreendeu cerca de 24 kg da droga, não foi nenhum agente da Polícia Federal, como é comum ver na famosa série "Área Restrita": o herói do dia foi Kano, um cão farejador que faz parte da corporação desde o nascimento, há apenas dois anos.

O pastor alemão nasceu no canil central da PF, em Brasília, onde é feita toda a reprodução e treinamento dos cães, que são enviados já prontos para o serviço aos canis de cada estado. Segundo Jardel Cavalcante, operador de cães responsável pelo centro de Fortaleza, Kano chegou à cidade no início de abril, junto com o operador que o formou.

"Ele é um cão detector de drogas. Os pais também são cães da PF, em atividade. O canil da corporação teve início em 1998, quando ainda havia compra de cães de países como Estados Unidos e da Alemanha. Mas, atualmente, todos os animais são resultado de reprodução no canil central", afirmou ele, ao UOL.

Como acontece a "formação" de cães como Kano:

Criação desde os 50 dias de vida. Desde cedo os animais recebem "estímulos e brincadeiras" ligados ao seu futuro serviço.

Cão 'adolescente' já sai formado. Esse treinamento é concluído quando o cão tem, em média, 1 ano e meio.

Eles são enviados já "formados" para o estado em que vão trabalhar. No caso de Kano, ele foi parar no Ceará.

Rotina de preparação é intensa. No dia a dia, os cães passem por "manutenções periódicas" do treinamento, tanto físicas quanto de habilidade.

Segredo da preparação é a brincadeira. Se para os humanos parece trabalho, para os cães o serviço é feito como forma de diversão:

Nem sempre o cão vai encontrar cocaína, então temos drogas autorizadas judicialmente que a gente esconde para que ele encontre. É um trabalho de todo dia e, para eles, é uma constante brincadeira. Os cães estão procurando o brinquedo deles, que foi associado ao cheiro dos entorpecentes em algum momento do treinamento."
Jardel Cavalcante, escrivão da PF e responsável pelo canil que abriga Kano

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Cães como Kano começam treinamento com apenas 50 dias de vida
Imagem: Italo Leite/Divulgação/PFCE

Kano: ascensão meteórica

Kano virou estrela na operação que prendeu oito "mulas" que iriam a Lisboa. Ele é parte da equipe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes de Fortaleza.

Durante seu tempo de serviço, ele e seu colega canino, que se chama Inu, devem atuar também nos aeroportos de Jericoacoara, Juazeiro do Norte e Aracati, em portos na costa cearense, em centros de distribuição dos Correios e em algumas transportadoras, fazendo trabalhos mais pontuais.

Em média, os farejadores ficam a serviço da PF até os oito anos de vida.

"A partir dos sete anos começa a ser feita uma avaliação mais intensa dos cães, e eles aposentam por volta dos oito. Alguns vão até os dez, mas depende do animal", destaca Jardel, que vê nos animais um recurso importante para a segurança do transporte.

Eles são uma ferramenta dentro de um conjunto de ferramentas da PF, como são os raios-X ou a própria equipe de policiais. Gosto muito do trabalho deles, é muito importante, mas faz parte de um serviço que exige muita dedicação."