Casal negro é acusado de furtar air fryer, mesmo com nota em mãos em SP
Um casal foi acusado de ter furtado uma air fryer de uma loja das Americanas em Praia Grande (SP) na quinta-feira (8), mesmo com a nota fiscal do produto em mãos —que havia sido comprado em outro lugar, no Assaí Atacadista. Eles denunciam o caso como racismo e afirmam terem tido dificuldade para registrar a ocorrência.
O que aconteceu:
Ângela Soares, 23, contou que esteve com o marido no Shopping Litoral Plaza, onde compraram uma air fryer no Assaí Atacadista. Eles guardaram o aparelho no carro estacionado no centro de compras e voltaram para adquirir uma forma de silicone para utilizar com o produto.
Ao entrarem em uma unidade das Lojas Americanas, eles perceberam que um funcionário os acompanhava com o olhar e, prestes a deixarem o shopping, foram abordados no estacionamento. O trabalhador em questão estava acompanhando de uma colega da loja e de um segurança do shopping quando foram acusados de furto.
"Você pegou uma air fryer da minha loja, tem como você devolver?", teria dito o funcionário, segundo Ângela Soares. Indignado, o marido apresentou a nota fiscal do produto, e Ângela ligou para uma amiga advogada que os instruiu denunciar o caso à polícia.
Após mais de duas horas, policiais chegaram ao local e, segundo Ângela, um dos agentes questionou por que eles não compraram uma sacola plástica, no valor de R$ 0,20, para guardar o produto. "A sacola que o Assaí fornece, mesmo sendo paga, não cabe a caixa da air fryer", disse Ângela ao UOL.
Um dos policiais teria se recusado a registrar a ocorrência como racismo, a pedido do casal, por julgar que não houve xingamento e passou a responsabilidade para um colega, contou a jovem.
A gente ficou assim, sem ter o que falar. Porque é como se ele [o primeiro policial] estivesse questionando a nossa índole. Como se ele estivesse querendo dizer que a gente meio que planejou a situação toda.
Ângela Soares
O que dizem os envolvidos
O UOL questionou se as Americanas haviam identificado e afastado os funcionários envolvidos no caso, mas a empresa informou apenas que lamenta o ocorrido e que "tomou as medidas previstas em sua política interna". Ainda, disse realizar "frequentes treinamentos" com empregados sobre "melhores práticas e comportamentos adequados".
Sobre a atuação dos policiais que atenderam à ocorrência, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a "corregedoria está à disposição das vítimas para registrar e investigar qualquer denúncia". O órgão disse também que a polícia civil "trabalha para elucidar os fatos e vai ouvir as partes envolvidas".
O Shopping Litoral Plaza foi questionado pelo UOL sobre a atuação do segurança e o que motivou a abordagem, mas não houve resposta até o momento.
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