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Casal negro é acusado de furtar air fryer, mesmo com nota em mãos em SP

Do UOL, em Belo Horizonte

16/06/2023 23h01Atualizada em 18/06/2023 08h45

Um casal foi acusado de ter furtado uma air fryer de uma loja das Americanas em Praia Grande (SP) na quinta-feira (8), mesmo com a nota fiscal do produto em mãos —que havia sido comprado em outro lugar, no Assaí Atacadista. Eles denunciam o caso como racismo e afirmam terem tido dificuldade para registrar a ocorrência.

O que aconteceu:

Ângela Soares, 23, contou que esteve com o marido no Shopping Litoral Plaza, onde compraram uma air fryer no Assaí Atacadista. Eles guardaram o aparelho no carro estacionado no centro de compras e voltaram para adquirir uma forma de silicone para utilizar com o produto.

Ao entrarem em uma unidade das Lojas Americanas, eles perceberam que um funcionário os acompanhava com o olhar e, prestes a deixarem o shopping, foram abordados no estacionamento. O trabalhador em questão estava acompanhando de uma colega da loja e de um segurança do shopping quando foram acusados de furto.

"Você pegou uma air fryer da minha loja, tem como você devolver?", teria dito o funcionário, segundo Ângela Soares. Indignado, o marido apresentou a nota fiscal do produto, e Ângela ligou para uma amiga advogada que os instruiu denunciar o caso à polícia.

Após mais de duas horas, policiais chegaram ao local e, segundo Ângela, um dos agentes questionou por que eles não compraram uma sacola plástica, no valor de R$ 0,20, para guardar o produto. "A sacola que o Assaí fornece, mesmo sendo paga, não cabe a caixa da air fryer", disse Ângela ao UOL.

Um dos policiais teria se recusado a registrar a ocorrência como racismo, a pedido do casal, por julgar que não houve xingamento e passou a responsabilidade para um colega, contou a jovem.

A gente ficou assim, sem ter o que falar. Porque é como se ele [o primeiro policial] estivesse questionando a nossa índole. Como se ele estivesse querendo dizer que a gente meio que planejou a situação toda.
Ângela Soares

O que dizem os envolvidos

O UOL questionou se as Americanas haviam identificado e afastado os funcionários envolvidos no caso, mas a empresa informou apenas que lamenta o ocorrido e que "tomou as medidas previstas em sua política interna". Ainda, disse realizar "frequentes treinamentos" com empregados sobre "melhores práticas e comportamentos adequados".

Sobre a atuação dos policiais que atenderam à ocorrência, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a "corregedoria está à disposição das vítimas para registrar e investigar qualquer denúncia". O órgão disse também que a polícia civil "trabalha para elucidar os fatos e vai ouvir as partes envolvidas".

O Shopping Litoral Plaza foi questionado pelo UOL sobre a atuação do segurança e o que motivou a abordagem, mas não houve resposta até o momento.