Tática da polícia para combater mega-assaltos foi levada para 12 estados
As forças de seguranças têm usado uma tática para simular o que fazer durante ataques de grupos especializados em ações de "domínio de cidades" ou "novo cangaço". A estratégia já foi levada para mais de 50 cidades em 12 estados. Nela, participam policiais, funcionários de empresas (bancos e de transporte de valores) e até moradores.
O que tem acontecido
Só neste ano, foram feitas simulações de plano de defesa nos estados de Alagoas, Mato Grosso do Sul e Bahia. Os exercícios ocorreram após uma caçada que mobilizou 350 policiais para capturar os envolvidos no mega-assalto de Confresa (MT), com saldo de cinco prisões e 18 suspeitos mortos que fugiram do local do crime para o Tocantins.
O último simulado ocorreu na madrugada de 24 de junho, em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. O treinamento reproduziu ataques a instituições financeiras com reféns, fuzis e até uma tentativa de resgate em presídio.
A atividade em Campo Grande reuniu cerca de 2 mil pessoas, entre profissionais das forças de segurança e até moradores. As ações ocorreram nas áreas urbana e rural.
Com 14 cidades, Goiás foi o estado com mais municípios com simulações, seguido de Santa Catarina (12) e Mato Grosso do Sul (10). A lista ainda inclui São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia, Tocantins, Ceará, Alagoas, Rio Grande do Sul e Paraná.
As simulações começaram a ser feitas por membros das forças de segurança há oito anos. A ideia é criar uma espécie de doutrina com condutas das forças de segurança nesses ataques.
As quadrilhas especializadas em mega-assaltos costumam atacar a própria polícia ao invadir cidades com carros blindados, explosivos e armas de grosso calibre. Depois, invadem agências bancárias, fazem moradores reféns e fogem do local do crime.
Como é feita a simulação
Na simulação é definida a hora certa para agir em caso de um ataque. Ou seja, não deve ocorrer exatamente no momento do ataque, já que um confronto pode causar mais mortes, segundo os especialistas. Eles explicam que as quadrilhas planejam os roubos por até dois anos, e estão preparadas para um enfrentamento imediato.
A orientação é de que as forças de segurança entrem em ação só após a fuga da quadrilha. Com menos armamentos e sem os veículos blindados, a estratégia é acompanhar a rota de fuga e cercar as vias de acesso, fazendo com que os criminosos busquem refúgio em áreas rurais.
Com isso, as forças de segurança evitam confrontos em áreas mais populosas e podem retomar o controle do município alvo do mega-assalto. E, com os criminosos em um ambiente hostil, os agentes passam a ter vantagem contra o grupo.
O que os especialistas dizem sobre o treinamento
A ideia é evitar confrontos no local do ataque. Depois, cercar as rotas de fuga e retardar o fluxo nas rodovias. Com isso, o grupo sai da cidade e vai para a área rural. Lá, um morador é orientado a colocar um trator em alguma estrada de chão, impedindo a fuga. O plano de defesa envolve as forças de segurança e até os próprios moradores."
Vinicius de Souza Almeida, tenente-coronel do Bope da PM de MS
No plano de defesa a ações de "domínio de cidades", estudamos para agir antes, durante e depois do assalto. Em Confresa, essa metodologia científica foi colocada em prática. Os criminosos fugiram para uma área de mata e todos os acessos foram bloqueados. Eles então ficaram cercados e sem os recursos para sobreviver. A mesma doutrina precisa ser seguida pela polícia de todos os estados."
Major Raumário Jerônimo dos Santos, PM de Alagoas
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